Negociações sobre reféns e trégua em Gaza terminam sem avanços no Cairo
Conversas se deram em meio à intensificação de ataques de Israel contra cidade de Rafah, no sul do território palestino
As negociações envolvendo os EUA, o Egito, Israel e o Catar sobre uma trégua em Gaza terminaram sem avanços na terça-feira (13). Isso ao mesmo tempo que cresciam os apelos para que Israel contivesse os ataques no sul da Faixa de Gaza, onde se concentram mais de um milhão de pessoas.
A cidade de Rafah, cuja população antes da guerra era de cerca de 300 mil pessoas, está repleta de desabrigados que vivem em acampamentos e abrigos improvisados e que fugiram dos bombardeios israelenses em áreas de Gaza mais ao norte durante mais de quatro meses de guerra.
Israel diz que quer expulsar os militantes do Hamas dos esconderijos em Rafah e libertar os reféns israelenses mantidos lá, e está fazendo planos para retirar os civis palestinos presos. Mas até agora nenhum plano foi apresentado e as agências de ajuda humanitária dizem que os deslocados não têm para onde ir no território destruído.
Tanques israelenses bombardearam o setor leste de Rafah, causando ondas de pânico, segundo os moradores.
Eles disseram que os deslocados — dezenas até agora — começaram a deixar Rafah depois dos bombardeios e ataques aéreos israelenses nos últimos dias.
Rafah é vizinha do Egito, mas o Cairo deixou claro que não permitirá o êxodo de refugiados pela fronteira.
As autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, anunciaram 133 novas mortes de palestinos nas últimas 24 horas, elevando o total para 28.473 mortos e 68.146 feridos desde 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram mortas no ataque do grupo radical contra Israel.
Acredita-se que muitas outras pessoas estejam enterradas sob os escombros de prédios destruídos em toda a Faixa de Gaza, que está em grande parte em ruínas. Os suprimentos de alimentos, água e outros itens essenciais estão acabando e as doenças estão se espalhando.
Cerca de metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza está agora espremida em Rafah.
No Cairo, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi conduziu negociações com o diretor da CIA, William Burns, e com o primeiro-ministro do Catar, xeque Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al-Thani, com o objetivo de chegar a um acordo sobre uma trégua em Gaza, proteger os civis e fornecer mais ajuda ao enclave, informou o serviço de informações do Estado egípcio.
Em uma declaração em seu site, ele citou uma “vontade de continuar a consulta e a coordenação” sobre as principais questões, indicando que nenhum avanço foi feito.
A declaração egípcia não fez nenhuma menção a Israel. A delegação israelense deixou o Cairo e voltou para casa, disse um repórter da Reuters.
O gabinete do primeiro-ministro israelense não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Israel prometeu continuar lutando, por muitos meses, se necessário, até erradicar o Hamas.