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    Nasa lançará missão para colidir com asteroide nesta quarta

    Teste ajudará a descobrir como desviar possíveis ameaças em rota de colisão com a Terra no futuro

    Ashley Stricklandda CNN

    A Nasa irá lançar, na madrugada desta quarta-feira (24), uma espaçonave com o objetivo de colidir com um asteroide.

    A missão DART, ou Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, vai decolar a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9 da Base da Força Espacial de Vandenberg na Califórnia, nos EUA, às 22h20 desta terça-feira (23) no horário local, 03h20 de quarta (24) no horário de Brasília.

    A cobertura ao vivo do evento será transmitida pela Nasa TV e no site da agência espacial americana.

    Mas o verdadeiro teste para esta tecnologia de deflexão de asteroide virá em setembro de 2022, quando a espaçonave chegar ao seu destino, para ver como ela impacta o movimento de um asteroide próximo à Terra no espaço.

    O alvo da missão é Dimorphos, uma pequena lua orbitando o asteroide Didymos, próximo à Terra. Esta será a primeira demonstração em grande escala desse tipo de tecnologia pela agência em nome da defesa planetária. Também será a primeira vez que os humanos alteram a dinâmica de um corpo do sistema solar de forma mensurável, de acordo com a Agência Espacial Europeia.

    Os objetos próximos à Terra são asteroides e cometas com órbitas que os colocam a 48 milhões de quilômetros da Terra. Detectar a ameaça de objetos próximos à Terra, ou NEOs, que podem causar danos graves é o foco principal da Nasa e de outras organizações espaciais ao redor do mundo.

    MISSÃO NASA DART
    Ilustração da espaçonave usada na missão DART e do satélite italiano que registrará imagens do impacto. / Steve Gribben / Johns Hopkins APL / Nasa

    Asteroide Didymos e sua lua Dimorphos

    Em grego, Didymos significa “gêmeo”, o que é um aceno de como o asteroide – com quase 0,8 quilômetro de diâmetro – forma um sistema binário com o asteroide menor, ou lua – com 160 metros em diâmetro – que foi descoberto há duas décadas. Kleomenis Tsiganis, um cientista planetário da Universidade Aristóteles de Salonica e membro da equipe da DART, sugeriu que a lua se chamasse Dimorphos, que significa “duas formas”.

    É o momento perfeito para a missão DART acontecer. Didymos e Dimorphos estarão relativamente perto da Terra – 11 milhões de quilômetros – em setembro de 2022. A espaçonave chegará em alta velocidade a cerca de 24.140 quilômetros por hora, visando Dimorphos, disse Nancy Chabot, líder de coordenação da DART no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland.

    Uma câmera na espaçonave, chamada DRACO, e um software de navegação autônomo ajudarão a espaçonave a detectar e colidir com Dimorphos. O objetivo da missão é colidir deliberadamente com Dimorphos para mudar o movimento do asteroide no espaço, de acordo com a NASA. Esta colisão será registrada pelo LICIACube, ou Light Italian Cubesat for Imaging of Asteroids, um satélite cubo companheiro fornecido pela Agência Espacial Italiana.

    O LICIACube, que tem o tamanho de uma bagagem de mão, viajará no DART e então será posicionado antes do impacto para que possa registrar o que acontece. Três minutos após o impacto, o LICIACube voará por Dimorphos para capturar imagens e vídeo.

    O vídeo do impacto será transmitido de volta à Terra, o que deve ser “muito emocionante”, disse Elena Adams, engenheira de sistemas da missão DART no Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins.

    “Os astrônomos serão capazes de comparar as observações de telescópios baseados na Terra antes e depois do impacto cinético da DART para determinar o quanto o período orbital de Dimorphos mudou”, disse Tom Statler, cientista da missão DART na sede da Nasa, em um comunicado. “Essa é a medição chave que nos dirá como o asteroide respondeu ao nosso esforço de deflexão.”

    Alguns anos após o impacto, a missão Hera da Agência Espacial Europeia conduzirá uma investigação de acompanhamento de Didymos e Dimorphos.

    Enquanto a missão DART foi desenvolvida para o Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da NASA e gerenciada pelo Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, a equipe da missão trabalhará com a equipe da missão Hera sob uma colaboração internacional conhecida como Avaliação de Impacto e Deflexão de Asteroide, ou AIDA.

    “A DART é uma primeira etapa nos métodos de teste para a deflexão de asteroides perigosos”, disse Andrea Riley, executiva da missão DART na sede da Nasa, em um comunicado. “Asteroides potencialmente perigosos são uma preocupação global e estamos entusiasmados em trabalhar com nossos colegas italianos e europeus para coletar os dados mais precisos possíveis a partir desta demonstração de deflexão de impacto cinético.”

    A primeira missão

    Dimorphos foi escolhido para esta missão porque seu tamanho é comparável aos asteroides que poderiam representar uma ameaça para a Terra, mas o sistema de asteroide duplo em si não é uma ameaça para a Terra.

    A espaçonave é cerca de 100 vezes menor do que Dimorphos, então não vai obliterar o asteroide.

    “Isso não vai destruir o asteróide, vai apenas dar um pequeno empurrão e desviar seu caminho ao redor do asteroide maior”, disse Chabot. Isso significa que não há chance de alterar a trajetória do asteroide para torná-lo uma ameaça.

    O impacto rápido só mudará a velocidade de Dimorphos enquanto orbita Didymos em 1%, o que não parece muito – mas mudará o período orbital da lua em mais de um minuto. Essa mudança pode ser observada e medida a partir de telescópios terrestres na Terra.

    Dimorphos completa uma órbita em torno de Didymos a cada 11 horas e 55 minutos. Se o impacto for bem-sucedido, ele mudará esse período em pelo menos 73 segundos, disse Andy Cheng, líder da equipe de investigação da DART no Laboratório de Física Aplicada da Johns Hopkins.

    Medir a transferência de momento entre a espaçonave e Dimorphos mostrará quanto é necessário para mudar o curso de um asteroide.

    “Se um dia um asteroide for descoberto em rota de colisão com a Terra, então teremos uma ideia de quanto impulso precisamos para fazer esse asteroide desviar a Terra”, disse Cheng.

    Estratégias de defesa planetária

    Embora atualmente não haja asteroides em um rota de impacto direto com a Terra, há uma grande população de asteroides próximos à Terra – mais de 27 mil em todas as formas e tamanhos.

    “A chave para a defesa planetária é encontrá-los bem antes que se tornem uma ameaça de impacto”, disse Lindley Johnson, oficial de defesa planetária na sede da Nasa. “O princípio com todos eles é apenas alterar a velocidade orbital do asteroide em uma pequena quantidade. Mudar a velocidade do asteroide em sua órbita muda também sua órbita, então no futuro, ele não estará no mesmo lugar que estaria ao colidir com a Terra.”

    Três anos após o impacto, Hera chegará para estudar Dimorphos em detalhes, medindo as propriedades físicas da lua, estudando o impacto da DART e a órbita lunar.

    Pode parecer muito tempo de espera entre o impacto e o acompanhamento, mas é baseado em lições aprendidas no passado.

    Em julho de 2005, a espaçonave Deep Impact da Nasa lançou um impacto de 370 quilogramas em um cometa, o Tempel 1. Mas a espaçonave não foi capaz de ver a cratera resultante porque o impacto liberou toneladas de poeira e gelo. No entanto, a missão Stardust da Nasa em 2011 foi capaz de caracterizar o impacto – um rasgo de 150 metros.

    Juntos, os valiosos dados coletados pela DART e Hera contribuirão para as estratégias de defesa planetária, especialmente entendendo que tipo de força é necessária para mudar a órbita de um asteroide próximo à Terra que pode colidir com nosso planeta.

    Depois de analisar os resultados da missão, “esta técnica seria parte de uma caixa de ferramentas que estamos começando a construir com recursos para desviar um asteroide”, disse Johnson.

    * Matéria traduzida. Leia a original aqui.