Nasa critica maneira como China tratou reentrada de destroços de foguete
Administrador da agência espacial norte-americana diz que 'nações que fazem expedições espaciais devem minimizar riscos para as pessoas e propriedades na Terra'
A Nasa criticou a China por seu fracasso em “atender a padrões responsáveis” depois que os destroços de seu foguete fora de controle caíram no Oceano Índico na noite de sábado (8).
“As nações que fazem expedições espaciais devem minimizar os riscos para as pessoas e propriedades na Terra de reentradas de objetos espaciais e maximizar a transparência em relação a essas operações”, disse o administrador da Nasa, Bill Nelson, em um comunicado divulgado no site da agência espacial neste domingo (9).
“A China está falhando em atender aos padrões responsáveis em relação aos seus detritos espaciais”, acrescentou.
A maior parte do enorme foguete Longa Marcha 5B, no entanto, queimou ao retornar à atmosfera, disse o Escritório de Engenharia Espacial da China em uma publicação no WeChat, antes de cair a oeste das Maldivas – não está claro se algum detrito do foguete caiu em parte do território do país.
O Comando Espacial dos EUA disse que o Longa Marcha 5B havia reentrado na Terra sobre a Península Arábica.
O foguete, que tinha 33 metros de altura e pesava pouco mais de 18 toneladas, lançou em órbita um pedaço de uma nova estação espacial chinesa em 29 de abril. Depois que seu combustível foi gasto, o foguete foi deixado para voar pelo espaço sem controle até a gravidade da Terra o arrastar de volta.
Geralmente, a comunidade espacial internacional tenta evitar tais cenários. A maioria dos foguetes usados para erguer satélites e outros objetos no espaço conduzem reentradas mais controladas que visam o oceano, ou são deixados nas chamadas órbitas de “cemitério” que os mantêm no espaço por décadas ou séculos. Mas o foguete Longa Marcha foi projetado de uma forma que “deixa esses grandes estágios em órbita baixa”, disse Jonathan McDowell, astrofísico do Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard.
Nesse caso, era impossível saber exatamente quando ou onde ele pousaria.
A Agência Espacial Europeia previu uma “zona de risco” que abrangia “qualquer porção da superfície da Terra entre a latitude 41,5 N e 41,5 S” – que incluía praticamente todas as Américas ao sul de Nova York, toda a África e Austrália, partes da sul Ásia e do Japão, além de Espanha, Portugal, Itália e Grécia na Europa.
A ameaça a áreas povoadas não era desprezível, mas felizmente a grande maioria da área da superfície da Terra é composta pelos oceanos, então as chances de uma queda catastrófica eram pequenas.
O foguete é um dos maiores objetos na memória recente a atingir a Terra depois de sair de sua órbita, após um incidente de 2018 no qual o pedaço de um laboratório espacial chinês se caiu sobre o Oceano Pacífico e a reentrada em 2020 de um detrito de 18 metros de outro foguete Longa Marcha 5B.
Apesar dos esforços recentes para melhor regular e mitigar os detritos espaciais, a órbita da Terra está repleta de centenas de milhares de pedaços de lixo não controlado, a maioria dos quais com menos de 10 centímetros.
Os objetos estão constantemente saindo da órbita, embora a maioria das peças queime na atmosfera da Terra antes de ter a chance de causar um impacto na superfície. Mas partes de objetos maiores, como o foguete Longa Marcha, neste caso, podem sobreviver à reentrada e ameaçar estruturas e pessoas no solo.
“As normas foram estabelecidas”, disse McDowell. “Não há lei ou regra internacional – nada específico – mas a prática de países ao redor do mundo tem sido: ‘Para os foguetes maiores, não vamos deixar nosso lixo em órbita desta forma.'”
(Texto traduzido; leia o original em inglês)