“Não se debate mudanças climáticas sem discussão de gênero”, diz especialista
À CNN Rádio, Marcelle Decothe, gestora do Instituto Marielle Franco, lembrou que as mulheres negras são as mais afetadas pelos efeitos do aquecimento global e precisam ser ouvidas na COP27
As soluções para as mudanças climáticas precisam ser discutidas com as pessoas atingidas pelos efeitos delas em comunidades. O diagnóstico vem da gestora de programas do Instituto Marielle Franco e integrante da Coalizão Negra por Direitos, Marcelle Decothe. Ela está na Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP27, realizada no Egito.
“São essas pessoas majoritariamente negras, essas mulheres que enfrentam cotidianamente a escassez de água e as enchentes, o produto das consequências climáticas que a gente vive no mundo”, apontou Marcelle em entrevista à CNN Rádio. “A gente está aqui para dizer que a solução tem que vir do protagonismo dessas pessoas.”
Outro problema sinalizado pela gestora é a falta de representatividade feminina entre as lideranças presentes na COP27.
“O que eu tenho visto é uma concentração de homens nas mesas de negociação global. E justamente mais mulheres no lugar da sociedade civil, que faz o diagnóstico, a cobrança e apresenta a solução”, relata.
Marcelle Decothe alega que essa disparidade mostra que não é possível debater mudanças climáticas sem discutir gênero e sem ouvir as pessoas mais afetadas.