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    Mundo trabalha com possibilidade de ampliação do conflito em Gaza, diz embaixador do Brasil na Síria

    Em entrevista à CNN, André Santos diz que os bombardeios de Israel sobre aeroportos sírios foram um aviso de que o país não irá se descuidar de outra área em disputa

    Leandro Resende

    A magnitude do conflito entre Israel e o Hamas alerta o mundo sobre a possibilidade real de ampliação de um conflito no Oriente Médio com o envolvimento de outros países, mas uma escalada no número de nações envolvidas na guerra (Síria e Líbano diretamente, Estados Unidos e Rússia indiretamente) seria algo de risco ‘elevadíssimo’ para todo o planeta.

    A avaliação foi feita à CNN pelo embaixador do Brasil na Síria, André Luiz Azevedo dos Santos.

    Desde o agravamento do conflito em Israel, com foco na Faixa de Gaza, no último dia 7, os israelenses já fizeram três ataques aéreos a aeroportos na Síria, com os de Aleppo e Damasco, sem vítimas humanas. No total, segundo o embaixador, foram 10 ataques aéreos em 2023, parte de um conflito que remete à criação de Israel em 1948 e a um estado de guerra que persiste desde então.

    Segundo André Luiz Azevedo dos Santos, os ataques aéreos antecedem o conflito deflagrado neste mês e não devem ser entendidos como um sinal para envolver a Síria no conflito. Mas o contexto demanda alerta de todo o mundo.

    “O que há de diferente agora é a reação russa, um pouco mais incisiva no sentido de defender a integridade territorial da Síria. São ataques que podemos interpretar como um sinal de Israel de que eles estão em um grande conflito no sul do país, na Faixa de Gaza, mas não se descuidarão do que acontece em sua fronteira ao norte”, avaliou o embaixador brasileiro.

    Na avaliação do representante do Itamaraty, o tempo é um aliado entre aqueles que defendem uma saída diplomática e não um conflito generalizado no Oriente Médio a partir do confronto atual entre Israel e o Hamas.

    O alerta está acionado para um possível envolvimento, por exemplo, do Líbano, Síria e Irã – e que se soma à presença de aeronaves dos EUA em Israel e de tropas russas na Síria desde 2015: um sinal de que este é um conflito que já tem o envolvimento de duas das grandes potências militares do mundo.

    “Quanto mais tempo passar desde o ataque de 7 de outubro, há uma chance de uma ação mais racional do que emocional. O confronto entre essas partes beligerantes não é interessante nem para a questão palestina, nem para Israel, e, acima de tudo: em um conflito que escala para mais países, ninguém sabe quais consequências isso terá, como serão as batalhas”, avalia o embaixador.

    FOTOS –

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    Instabilidade na região deve se manter mesmo após um distante cessar-fogo

    O embaixador do Brasil na Síria chama a atenção ainda para outro aspecto do conflito, que é o dia seguinte a um cessar-fogo.

    Não está no horizonte próximo do Hamas ou de Israel, mas a leitura do embaixador é que o custo de um conflito nesta escala será “elevadíssimo para ‘ambos”, tanto para os israelenses quanto para os que defendem um país para os palestinos.

    Esse sentimento de revolta de parte dos palestinos contra a ocupação de Israel continuará existindo. Então, qual é o ‘endgame’ dessa operação? O aparato militar israelense pode sair vencedor, ocupar Gaza e aí? O Ocidente precisa considerar que essa reação de Israel é uma parte do jogo que o Hamas queria”, considera o embaixador brasileiro.

    Risco para brasileiros na Síria é baixo e não há movimentação para evacuação

    Com a nova guinada do conflito entre israelenses e palestinos, a embaixada do Brasil na Síria também está em alerta diante de uma possível necessidade de evacuar brasileiros que residam em áreas sujeitas a ataques ou a organização de um plano de repatriação, nos moldes do que está sendo feito em Israel.

    “Todas as Embaixadas trabalham com um plano de evacuação. Nós os revisitamos, esperamos não usá-lo, mas há uma estratégia. No momento não há nenhuma movimentação nesse sentido”, garantiu o representante do Brasil na Síria.

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