Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Mundo só investe 14% do necessário para limitar aquecimento global, diz estudo

    Segundo Barbara Buchner, diretora-geral da Climate Policy Initiative, planeta precisa de US$ 4,3 trilhões ao ano para o clima até 2030 para conter as mudanças climáticas

    Alexandros Maragos (Getty Images)

    Adriana Freitasda CNN

    Na Escócia

    Os investimentos dedicados ao clima cresceram 10% no biênio 2019/2020, atingindo US$ 632 bilhões no mundo por ano de acordo com o levantamento Panorama Global do Financiamento do Clima 2021 (Global Landscape of Climate Finance 2021), elaborado pelo Climate Policy Initiative (CPI).

    Apesar do avanço da média anual, o número é apenas 14% do montante estimado de US$ 4,3 trilhões por ano de investimentos globais necessários para se atingir a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento em 1,5ºC até o final do século.

    “Dada a escala do desafio, simplesmente não é suficiente. Atingir carbono zero até 2050 exigirá que todos os atores públicos e privados alinhem urgentemente suas práticas, investimentos e carteiras com metas de 1,5ºC”, disse a Barbara Buchner, diretora-geral Global da CPI.

    O estudo identificou que o investimento público segue liderando os recursos para financiamento do clima, com 51% (US$ 321 bilhões) dos aportes anuais no último biênio. Os bancos de fomento são os que mais investem, representando 68% do capital total destinado ao clima. O desafio de atrair investidores privados ainda é grande apesar do incremento de 13% no período, atingindo US$ 310 bilhões por ano.

    “Especialmente considerando as tensões recentes sobre os gastos públicos, o financiamento privado precisa aumentar de maneira significativa e rápida o volume de recursos destinados ao clima. Apesar de os números parecerem elevados, quando se analisa o capital atualmente investido na economia global em atividades não alinhados com o clima, como energia, transporte, construção e outros, fica claro que há recursos disponíveis”, explica Buchner.

    “O problema é que o investimento favorável ao clima ainda representa uma fração do financiamento que está fluindo para as indústrias de alto carbono, e isso é especialmente verdadeiro nas economias emergentes.”

    Ainda segundo a pesquisadora, alguns dos principais obstáculos que impedem o financiamento climático de mercados emergentes são a falta de familiaridade do investidor e a percepção de risco. “Posso citar ainda a ausência de acesso ao capital e o desalinhamento dos instrumentos financeiros existentes com o capital disponível e as necessidades locais”, completa.

    Por conta disso, foi criado em 2014 o Laboratório Global de Inovação em Finanças Climáticas, com objetivo de “preencher a lacuna de investimento em clima, identificando as melhores ideias para desbloquear investimento, transformando essas ideias em instrumentos financeiros viáveis”, segundo Buchner.

    Barbara Buchner, diretora-global do Climate Policy Initiative, disse ser preciso um aumento significativa e rápido dos investimentos da iniciativa privada destinados ao clima
    Barbara Buchner, diretora-global do Climate Policy Initiative, disse ser preciso um aumento significativa e rápido dos investimentos da iniciativa privada destinados ao clima / Foto: Divulgação

    “Até agora, lançamos instrumentos que incluem fundos, garantias, títulos, seguros e produtos de crédito e muito mais – todos compartilhando uma visão comum para alavancar capital público ou filantrópico limitado, para desbloquear o investimento privado em escala. O Brasil tem sido uma das prioridades do Lab, respondendo por 10 dos 55 instrumentos desenvolvidos até agora”, acrescenta.

    Em economias em desenvolvimento, já foram mais de US$ 2,5 bilhões em recursos mobilizados para ações climáticas em economias em desenvolvimento. Ao todo, foram 10 instrumentos lançados no Brasil desde a criação do programa brasileiro, em 2016.

    Em 2021, das seis ideias globais escolhidas para serem desenvolvidas no Lab, duas foram do Brasil: o Guarantee Fund for Biogas (GFB), primeiro fundo de garantia ambiental do país, proposto pela Associação Brasileira de Biogás (ABiogás) e o Amazônia Sustainable Supply Chains Mechanism (AMSSC), fundo de crédito para fornecedores de insumos com práticas sustentáveis na Amazônia, proposto por Natura e Mauá Capital.

    Juntas, as iniciativas estimam destravar inicialmente cerca de US$ 100 milhões em investimentos sustentáveis. O laboratório conta com mais de 70 investidores e instituições públicas e privadas, que aceleram soluções de investimentos para apoiar o desenvolvimento sustentável em mercados emergentes.