“Mundo está em perigo e paralisado”, diz Guterres na Assembleia-Geral da ONU

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, abriu a Assembleia-Geral em Nova York nesta terça-feira (20). Em seu discurso, abordou temas como a guerra na Ucrânia, o combate à fome, a crise climática e o impacto da mídias sociais no mundo.

Em sua fala, Guterres comentou sobre conflitos armados pelo mundo –como a guerra na Ucrânia– e sobre ataques contra a democracia.

“O nosso mundo está em perigo e paralisado. O Conselho de Segurança não consegue levar questões à frente, as instituições democrática estão sob ameaça e mesmo a cooperação internacional. Nós não podemos seguir assim”, disse.

“O diálogo é único passo à frente, é a única solução. Nenhuma medida global pode ser feita sem a colisão daqueles que desejam, sem a colisão do mundo”, finalizou.

Guterres usou a descrição de um navio que transportava grãos ucranianos para a África como um “símbolo do que o mundo pode realizar quando agimos juntos”.

“Ele navegou por uma zona de guerra –guiada pelas próprias partes do conflito– como parte de uma iniciativa abrangente sem precedentes para obter mais alimentos e fertilizantes da Ucrânia e da Rússia”, disse.

“É essencial continuar removendo todos os obstáculos remanescentes à exportação de fertilizantes russos e seus ingredientes. Esses produtos não estão sujeitos a sanções – e estamos avançando na eliminação dos efeitos indiretos (…) Sem ação agora, a escassez global de fertilizantes se transformará rapidamente em uma escassez global de alimentos”, alertou.

Falando sobre a crise climática, Guterres afirmou que “deve ser a primeira prioridade de todos os governos e organizações multilaterais”. 

O português lembrou o impacto das mudanças climáticas ao redor do mundo: “o ano passado nos trouxe a pior onda de calor da Europa desde a Idade Média. Uma mega seca na China, Estados Unidos e mais. Fome no Chifre da África. Um milhão de espécies em risco de extinção. Nenhuma região está intocada”.

O chefe da ONU destacou que os países do G20 emitem 80% de todas as emissões de gases de efeito estufa. “Mas os mais pobres e vulneráveis ​​– aqueles que menos contribuíram para esta crise – estão sofrendo seus impactos mais brutais”, apontou. 

Guterres também falou sobre o impacto negativo das mídias sociais no mundo. “As plataformas de mídias sociais baseadas em lucros estão causando um dano imenso às comunidades e à sociedade. O discurso de ódio e a desinformação.”

O secretário-geral também reforçou os discursos de ódio contra as mulheres nas redes. “O abuso tendo como alvo especialmente as mulheres está se espalhando ainda mais. Os nossos dados estão sendo usados para influenciar o nosso comportamento. A inteligência artificial pode comprometer a integridade de sistemas de informação, a mídia e até a democracia.”