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    Mujica recebeu oferta para tratar câncer no Brasil, mas fará radioterapia no Uruguai

    Cirurgia e quimioterapia foram descartadas por doença imunológica e insuficiência renal

    Luciana Taddeoda CNN , em Buenos Aires, Argentina

    O ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica recebeu ofertas de tratamento no Brasil e em outros países para o câncer que foi detectado em seu esôfago, mas decidiu fazer radioterapia no seu país natal.

    A informação foi revelada pela médica pessoal de Mujica, Raquel Pannone, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (2). Segundo ela, o tratamento terá início na semana que vem.

    Ícone da esquerda latino-americana, Mujica revelou, nesta semana, ter um tumor no esôfago. De acordo com a médica dele, o ex-presidente sentiu incômodos na região e fez uma endoscopia em meados de abril.

    O exame detectou um tumor “não muito extenso” em seu esôfago inferior, que um estudo patológico confirmou ser maligno.

    Na última terça-feira (30), Mujica também passou por uma ecografia e uma tomografia, que não encontraram outras lesões.

    Devido à idade do ex-presidente, que está prestes a completar 89 anos, e à doença imunológica e à insuficiência renal que ele tem há mais de 15 anos, descartou-se, por enquanto, cirurgia e quimioterapia.

    Assim, ele será submetido a radioterapia, procedimento que, de acordo com Pannone, é um dos mais eficazes contra o tipo de câncer detectado.

    Segundo ela, o problema imunológico nada tem a ver com a cirurgia pela qual o ex-presidente passou em 2021 após engolir uma espinha de peixe.

    Sem informar nomes de hospitais ou médicos, Pannone revelou que o ex-presidente uruguaio recebeu ofertas de prestigiosos centros de saúde de países de todo o mundo, como Brasil, Argentina, Estados Unidos e pelo menos um país europeu.

    Pepe Mujica, sua esposa e a equipe médica decidiram, no entanto, fazer o tratamento Consultório de Oncologia e Radioterapia (COR), de Montevidéu, clínica fundada pelo falecido ex-presidente uruguaio Tabaré Vázquez e hoje gerida por seu filho, Álvaro Vázquez, que se colocou à disposição.

    “Temos que pensar na pessoa. Temos as mesmas condições técnicas para fazer aqui e no exterior, mas separá-lo por mais de 40 dias da Lucía [Topolansky], esposa de Mujica], da sua chácara, da militância e dos seus companheiros, sem dúvidas jogaria contra sua recuperação”, disse Pannone.

    A médica esclareceu ainda que o tratamento está apenas começando e que é preciso avaliar como o corpo do ex-presidente responderá.

    “O principal objetivo, que todos desejamos, é a cura. O objetivo intermediário é que ele tenha uma longa sobrevida e uma boa qualidade de vida”, explicou.

    Por já ter uma doença imunológica, a imunodepressão de Mujica durante o tratamento deve ser ainda maior.

    Por isso, a médica fez um apelo aos colegas e admiradores do ex-presidente: “Quando dizemos que não o abracem tanto, que não deem tanto afeto corporal, não é porque somos malvados e o queremos só para nós. É para protegê-lo”.

    “Ele não pode se contagiar com as doenças que todos vamos ter neste inverno”, pontuou, pedindo: “Precisaremos cuidar dele entre todos”.

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