Mudanças climáticas já chegaram às aldeias, diz brasileira em Cúpula do Clima
Sinéia Wapichana, do Conselho Indígena de Roraima, pediu monitoramento de acordos entre nações e defendeu estratégias para as verbas chegarem a quem precisa
A indígena brasileira Sinéia Wapichana (Sinéia Bezerra do Vale) afirmou nesta quinta-feira (22), em painel durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima organizada pelos EUA, que as mudanças climáticas já afetam os povos indígenas.
“A questão da mudança climática não vai chegar, ela já chegou nas comunidades indígenas. Precisamos estar atentos para esses acordos entre todas as nações do mundo, para ser cumprida, de fato, a parte da legislação brasileira sobre a mudança do clima”, disse Sinéia no painel “Ação Climática em Todos os Níveis”.
A moderação da discussão foi feita administrador da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, Michael Regan. Além de Sinéia participaram a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, o governador de Tóquio, Yuriko Koike.
A brasileira defendeu ainda que os direitos dos povos indígenas, incluindo a demarcação de terras, precisam ser garantidos. “Por isso estamos aqui, trazendo a voz dos povos indígenas e dizendo [sobre] estratégias para conservação das florestas, dos biomas”, afirmou. “As terras indígenas tem servido como uma barreira contra o desmatamento e a destruição, no entanto, os povos indígenas devem ter seus direitos garantidos por lei”, acrescentou, ao cobrar o trabalho de órgãos de fiscalização.
“Quando falamos sobre o clima, não isentamos a questão dos direitos, não está desconectado da gestão do território. As mudanças climáticas, como é chamada nos grandes eventos como a COP e este tão importante de hoje, é chamada pelos povos indígenas de a transformação do tempo” explicou.
“A transformação do tempo já está incidindo na questão da vida social e cultural dos povos indígenas. Precisamos de estratégias para que os fundos para a questão do clima cheguem, de verdade, na ponta onde é feito esse trabalho pelos povos indígenas.”
Sinéia falou em nome do Conselho Indígena de Roraima (CIR), uma organização indígena sem fins lucrativos, criada em 1990, com objetivo de lutar pela garantia dos direitos assegurados na Constituição e pelo fortalecimento da autonomia dos povos indígenas no estado de Roraima.
Ela disse que estudos de caso sobre mudanças climáticas conduzidos pelo CIR com grupos indígenas locais mostraram aumento da temperatura das águas e desaparecimento de espécies regionais de peixes.