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    Mudança, liberdade, ordem: sonhos dos chilenos são diversos às vésperas de eleição

    Chilenos vão às urnas neste domingo (19) e devem escolher entre o o ultraconservador José Antonio Kast e o deputado Gabriel Boric

    Natalia A. Ramos Mirandada Reuters , Por Natalia A. Ramos Miranda, da Reuters

    Os eleitores chilenos estão divididos sobre o que querem para o futuro às vésperas de uma histórica eleição presidencial entre dois candidatos polarizados – um que oferece mudanças sociais e outro que promete lei e ordem.

    A eleição, que ocorre neste domingo (19), colocará frente a frente o ultraconservador José Antonio Kast e Gabriel Boric, após as campanhas terminarem nessa semana, quando os candidatos tentaram ganhar o voto dos moderados, que podem fazer a diferença em uma disputa apertada.

    “O que está em jogo agora é a própria democracia do Chile”, afirmou a dona de casa Julia Acevedo, 80, que compareceu ao encerramento da campanha de Boric na capital. “O país precisa de mudança e ele, que é jovem, pode fazer a diferença.”

    Apoiadores de Kast, por outro lado, querem estabilidade. Eles dizem que Boric – que critica o modelo econômico liberal do Chile por alimentar a desigualdade – vai desfazer décadas de crescimento e estabilidade.

    “O Chile precisa de estabilidade, ordem e segurança”, disse Angela Marambio, 53, que afirmou ter apoiado um candidato de centro-direita no primeiro turno, em novembro, mas que mudará seu voto para Kast no segundo turno.

    Linha da pobreza

    Apesar de ser advogado, Kast defendeu o legado econômico do ditador Augusto Pinochet, cujo sangrento regime militar entre 1973 e 1990 depôs Salvador Allende em um golpe e estabeleceu o modelo econômico do país.

    Grandes protestos eclodiram em 2019 contra esse modelo, que muitos veem como o motivo para problemas que vão desde as baixas aposentadorias privadas e preços altos na saúde e educação.

    Cristian Morales, 51, autoridade pública de Punta Arenas, no sul do Chile, região natal de Boric, disse que o candidato de esquerda poderia finalmente mudar as coisas.

    “Não acredito que ele conseguirá fazer todas as mudanças que são necessárias, mas irá acelerar o processo”, afirmou Morales, citando planos para gastos com aposentadorias e educação.

    Boric, que fez seu nome liderando manifestações estudantis por uma educação de melhor qualidade, buscou canalizar a energia e cobranças por mudança que resultaram nos protestos de 2019 no Chile.

    Os apoiadores de Boric dizem que ele defenderá assuntos como os direitos das mulheres ao aborto – permitido atualmente apenas em algumas circunstâncias – e respeitará a diversidade sexual, sob os holofotes após o país aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo este mês.

    Kast critica tanto o aborto quanto o casamento gay.

    “Tenho medo de Kast”, disse Andrea Ramírez, administradora pública de 26 anos. “Ele me preocupa em relação ao meio-ambiente, ao papel do Estado, à aposentadoria dos chilenos. E que direitos as mulheres terão?”

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