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    Militar brasileira é transferida do Sudão para Uganda; outros três retornam ao país

    Jogadores de futebol eram últimos cidadãos que ainda estavam em território sudanês e retornaram a partir da Arábia Saudita; conflito já deixou mais de 600 mortos em um mês

    Fábio Mendesda CNN

    Os últimos três brasileiros que estavam no Sudão, aguardando a oportunidade de deixar o país desde o início dos conflitos armados, retornaram ao Brasil na semana passada, segundo informações do Ministério das Relações Exteriores. Uma quarta pessoa, uma militar brasileira, havia deixado o país anteriormente e agora se encontra em Uganda, de acordo com informações do Exército.

    Com isso, não há mais registros oficiais de brasileiros a trabalho no Sudão. De acordo com informações do Itamaraty, havia 27 cidadãos no país em 15 de abril, quando eclodiu o conflito que opôs o exército local a uma poderosa tropa paramilitar, as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

    A militar brasileira, Major Gabriela Rocha Bernardes, atuava como oficial de relatórios do Comitê Permanente de Cessar-fogo da Missão Integrada das Nações Unidas de Assistência à Transição no Sudão (UNITAMS). Seu trabalho era monitorar e registrar os acordos e as negociações de cessar-fogo na região de Darfur, no oeste do país, que sofreu com graves conflitos que envolveram não somente as Forças Armadas do país e as RSF, mas também movimentos de independência.

    A major Bernardes estava desde junho do ano passado no Sudão. Quando tiveram início as hostilidades na capital Cartum, permaneceu em seu alojamento até que a ONU conseguisse transferi-la para a capital do Chade, Djamena, no final de abril.

    Ainda de acordo com informações do Exército, a major permaneceu no Chade por dois dias, até que foi transferida para a cidade ugandense de Entebe, onde seguirá realizando medidas administrativas da ONU.

    Os últimos três brasileiros que ainda permaneciam no Sudão são jogadores de futebol do Al Falah, equipe de Atbara, cidade localizada a 300 quilômetros da capital Cartum, e retornaram ao Brasil no último dia 10. Victor Hugo, William Gabriel e Elon Delon permaneceram na cidade, até que o governo brasileiro providenciasse a ida do grupo para a Arábia Saudita.

    No período em que estiveram no Sudão, receberam apoio do Itamaraty para se alimentarem, segundo William Gabriel. A embaixada brasileira em Riad emitiu passaportes emergenciais para o grupo, permitindo que eles pudessem retornar ao Brasil.

    Outros atletas

    Antes dos jogadores do Al Falah, outros atletas brasileiros que atuavam no Sudão haviam sido retirados do país pelo governo brasileiro. Nove integrantes do elenco e da comissão técnica do Al-Merreikh, time de Omdurman, desembarcaram em São Paulo no final de abril. O resgate contou com apoio do Ministério da Justiça e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O grupo conseguiu deixar o Sudão pela fronteira com o Egito, ao norte do país

    À CNN, o assistente técnico e analista de desempenho do clube, Esdras Lopes, contou sobre as barreiras enfrentadas e afirmou que a capital Cartum tinha se transformado em uma “cidade-fantasma”.

    Os ataques aéreos e o fogo de artilharia se intensificaram de forma acentuada na capital do Sudão no início desta terça-feira (16), disseram moradores, enquanto o Exército busca defender bases importantes de rivais paramilitares contra os quais luta há mais de um mês. O número de mortos chega a 676.

    Brasileiros
    William Gabriel, Victor e Elon Delon retornaram ao Brasil na semana passada / Reprodução/Itamaraty

    Ataques aéreos, explosões e confrontos puderam ser ouvidos no sul de Cartum, e houve bombardeios pesados ao longo do rio Nilo em partes das cidades vizinhas de Bahri e Omdurman, disseram testemunhas.

    O conflito

    Após um mês, os combates entre o Exército e as RSF se intensificaram em diversas áreas do Sudão, especialmente na região oeste de Darfur, mas estão concentrados em Cartum. O conflito gerou uma crise humanitária que ameaça desestabilizar a região, deslocando mais de 700 mil pessoas dentro do Sudão e forçando cerca de 200 mil a fugir para países vizinhos.

    Os ataques aéreos e o fogo de artilharia se intensificaram de forma acentuada nesta terça-feira (16), disseram moradores, enquanto o Exército busca defender bases importantes de rivais paramilitares contra os quais luta há mais de um mês. O número de mortos chega a 676.

    Os combates são reflexo da disputa de poder no Sudão entre o comandante do Exército, general Abdel Fattah al-Burhan, e o líder da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti. Eles ocupavam os principais cargos no conselho governante do Sudão após a derrubada do ditador Omar al-Bashir em 2019, e deram um golpe dois anos depois, quando o prazo para entregar o poder aos civis se aproximava.

    Os dois grupos, que lutam pelo poder há vários anos, violaram diversas tréguas mediadas pelos países vizinhos, além dos Estados Unidos, prosseguindo com ferozes combates. Centenas de milhares de pessoas deixaram o país por meio das fronteiras do Egito, Chade, Djibuti e Eritreia. Mesmo o Sudão do Sul, que convive com uma grave crise humanitária, foi o destino de ao menos 20 mil refugiados. A travessia pelo Mar Vermelho, até a Arábia Saudita, tem sido outra rota importante.

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