México denunciará invasão de sua embaixada na Corte Internacional e na ONU
País rompeu relações com Equador após embaixada mexicana ser invadida em Quito para prisão de político
O governo mexicano afirmou nesta segunda-feira (8) que prepara uma ação para denunciar na Corte Internacional de Justiça a violação do direito internacional pelo Equador após a invasão de sua embaixada no Equador, na última sexta (5), para a prisão do ex-vice-presidente Jorge Glas.
“Não tem nenhuma justificativa para que forças policiais tenham invadido a embaixada, nem para agredir fisicamente a imunidade da equipe diplomática”, disse hoje a chanceler mexicana Alicia Bárcena, nas tradicionais coletivas de imprensa do presidente Andrés Manuel López Obrador.
Segundo a chanceler, além da denúncia diante da Corte Internacional, que está sendo preparada, o México enviará uma carta ao secretário geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, “para que seja apresentada a todos os membros da ONU, ao Conselho de Direitos Humanos e à Assembleia-Geral”.
Bárcena destacou que, após a invasão de sua embaixada, o México recebeu apoio de 29 países, sendo 20 latino-americanos.”O Brasil, a Bolívia e outros manifestaram de forma muito enérgica sua condenação [ao episódio] e apoio ao presidente Andrés Manuel López Obrador”
Ela ressaltou que a Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe convocou uma reunião de chanceleres para esta terça para abordar a violação, pelo Equador, da Convenção de Viena, que regula as relações diplomáticas entre os países.
Após a invasão de sua embaixada em Quito pela polícia equatoriana, o México rompeu relações com o governo de Daniel Noboa. Para o Equador, o asilo concedido ao ex-vice-presidente era ilegal, já que ele foi condenado por corrupção, o que é um crime “comum”, e não se enquadraria nos acordos previstos para asilo.
“O México manteve comunicação direta com o Equador para abordar a questão do asilo e se o Equador tinha uma interpretação diferente quanto à convenção, deveria recorrer a procedimentos pacíficos”, protestou Bárcena.
Ontem, todos os diplomatas mexicanos e seus familiares deixaram o Equador em um voo comercial. Na ida da embaixada equatoriana até o aeroporto, eles foram acompanhados por representantes diplomáticos de Cuba, Honduras e do Panamá.
Em coletiva neste domingo, já no Aeroporto Internacional da Cidade do México, o chefe da embaixada mexicana em Quito, Roberto Canseco, usava um colar cervical. Após a invasão da embaixada, ele foi imobilizado e jogado no chão pela polícia equatoriana, ao tentar impedir que o ex-vice presidente fosse levado pelas forças de segurança.
Em entrevista à CNN, ele disse que bateram nele durante a operação. A chanceler mexicana confirmou, na coletiva desta segunda, que diplomatas foram machucados.
A embaixada do México em Quito ficará fechada por tempo indeterminado e os serviços consulares mexicanos no país foram suspensos.