Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    México classifica desaparecimento de 43 estudantes como “crime de Estado”

    Principal funcionário de direitos humanos do país acusou o governo anterior de "esconder os fatos" sobre o caso, ocorrido em 2014

    Daina Beth SolomonLizbeth Diazda Reuters

    Autoridades mexicanas classificaram na quinta-feira (18) o desaparecimento de 43 estudantes em 2014 como um crime de Estado encoberto pelo governo, em outra avaliação condenatória das ações da administração anterior em relação a uma das piores atrocidades de direitos humanos no México.

    O presidente Andrés Manuel López Obrador prometeu revelar o que aconteceu com os estudantes, que desapareceram na cidade de Iguala, no sudoeste do país, em setembro de 2014, depois de descartar a versão dos eventos do governo anterior.

    O caso provocou indignação internacional sobre desaparecimentos e impunidade no México, e causou danos duradouros ao governo do então presidente Enrique Pena Nieto, principalmente porque especialistas em direitos humanos criticaram o inquérito oficial como repleto de erros e abusos.

    O principal funcionário de direitos humanos do México, Alejandro Encinas, disse em entrevista coletiva que o envolvimento do governo no desaparecimento – incluindo autoridades locais, estaduais e federais – constituiu um “crime de Estado”.

    Na sequência, a administração “escondeu a verdade dos fatos, alterou cenas de crime, encobriu as ligações das autoridades com um grupo criminoso”.

    Um dos estudantes era um informante militar, mas as autoridades não seguiram o protocolo para encontrar soldados desaparecidos, observou Encinas. Se tivessem feito isso, “o desaparecimento e assassinato dos estudantes teriam sido evitados”, disse ele.

    Apesar de extensas buscas, os restos mortais de apenas três estudantes foram descobertos e identificados, informou Encinas.

    As famílias dos estudantes há muito expressam esperança de que seus entes queridos tenham sobrevivido, pressionando o governo em protestos nos quais gritavam: “Queremos que eles voltem vivos”.

    Encinas fez um raro reconhecimento oficial de que os alunos não sobreviveram. “Não há indicação de que os estudantes estejam vivos. Todos os testemunhos e evidências provam que eles foram assassinados e desapareceram”, disse ele. “É uma triste realidade.”

    De acordo com a versão dos fatos anunciada pelo governo Pena Nieto em 2015, uma gangue de traficantes local confundiu os estudantes com membros de um grupo rival, os matou e incinerou seus corpos em um lixão.

    Sob o comando de López Obrador, as autoridades emitiram dezenas de mandados de prisão, inclusive para militares e policiais, e solicitaram a Israel a extradição de um ex-funcionário acusado de manipular a investigação.

    Tópicos