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    Mensagens enviadas por Khashoggi dão novas pistas sobre morte do jornalista

    A um colega saudita, ele descreveu o príncipe Mohamed bin Salman como uma ‘fera’, um ‘pac-man’ que poderia devorar tudo pelo caminho

    Nos artigos que escrevia, as críticas de Jamal Khashoggi à Arábia Saudita e ao príncipe herdeiro do país, Mohamed bin Salman, eram contidas. Já no meio privado, o colunista do jornal Washington Post não se segurava.

    Em mais de 400 mensagens de WhatsApp enviadas a um colega saudita exilado em 2017, Khashoggi – que foi assassinado no consulado saudita em Istambul, na Turquia – descreve Bin Salman (algumas vezes, mencionado como MBS) como uma “fera”, um “pac-man” que poderia devorar tudo pelo caminho, incluindo os próprios simpatizantes.

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    A CNN obteve acesso exclusivo às mensagens trocadas entre Khashoggi e o ativista Omar Abdulaziz, que mora em Montreal, no Canadá. Os textos, gravações de voz, fotos e vídeos mostram um homem profundamente preocupado com o que considerava petulância do poderoso e jovem príncipe.

    “Quanto mais vítimas come, mais ele quer”, disse Khashoggi em uma das mensagens enviadas em maio, pouco depois que um grupo de ativistas sauditas foi cercado. “Não me surpreenderia se a opressão alcançasse até mesmo quem a celebra.”

    Jamal Khashoggi: 
    “As prisões não são justificadas e não lhe servem (dita a lógica), mas a tirania não tem lógica, mas ele ama a força, a opressão e precisa exibi-las. É como uma fera ‘pac-man’ que quanto mais vítimas come, mais ele quer. Não me surpreenderia se a opressão alcançasse até mesmo quem a celebra, depois outros e outros mais, e assim por diante. Deus sabe.”

    Omar Abdulaziz: 
    “Surpreendente.” 
    “Existe a possibilidade de que, quando for rei, os perdoe.”
    “Em um gesto para mostrar perdão e misericórdia.”

    Jamal Khashoggi: 
    “É o que diz a lógica, mas eu já não tenho fé nela ao analisar a mente desse homem.”

    As trocas de mensagens revelam um avanço das palavras às ações. O jornalista tinha começado a planejar um movimento juvenil na internet que responsabilizaria o estado saudita. 

    “[Khashoggi] acreditava que MBS era o problema, que é o problema, e disse que o homem deveria ser preso”, afirmou Abdulaziz à CNN.

    Contudo, em agosto, quando acreditava que as conversas poderiam ter sido interceptadas pelas autoridades sauditas, uma sensação de temor tomou conta de Khashoggi. “Deus nos ajude”, escreveu ele. Dois meses depois, o jornalista morreu.

    No domingo (29), Abdulaziz entrou com uma ação judicial contra a empresa israelense que inventou o software que acredita ter sido utilizado para invadir o seu telefone. “A invasão ao meu telefone teve papel principal no que aconteceu com Jamal, sinto muito em dizer isso”, contou ele. “A culpa está me matando.”

    (Texto traduzido. Leia o original em inglês.)

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