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    Maurício Pestana: férias, lugares e diversidade – O lado rico da Europa

    Em lugares onde o dinheiro impera, o racismo parece estabelecer regras mais respeitosas do que no Brasil, sobretudo para quem pode pagar

    Maurício Pestana

    Chegou a segunda parte das férias, passando pela área rica da Europa. Agora foi a vez de conhecer a Alemanha, a maior economia do continente. Depois, visitei a Bélgica e, por fim, Luxemburgo, considerado um dos países mais ricos do planeta.

    Além da prosperidade exposta nos carros de luxo e nas maiores grifes do mundo, esses países contam com uma invejável infraestrutura e expõem muita diversidade de pessoas nas ruas, uma marca deste pedaço do mundo.

    Brancos, negros, asiáticos e gente de todo lugar se misturam no trabalho, dando o melhor de si. Pelo menos nos serviços direcionados ao turismo, é nítido ver a presença estrangeira ocupando espaços no mercado de trabalho que o próprio nativo não quer ocupar por conta dos baixos salários para os padrões desses locais.

    Isso tem ocasionado um certo desconforto e tensão social, com manifestações cada vez mais constantes contra imigrantes, como a que pude ver em um das cidades que visitei na Alemanha.

    Um fato que me chamou atenção também é a forte migração dos próprios países europeus para as nações mais ricas e com melhores salários dentro do continente. Antes desta viagem, achava que isso era apenas coisa de latino, mundo árabe, africanos ou asiáticos, mas não.

    Luxemburgo, por exemplo, um dos países mais ricos do mundo, concentra grande parte dos seu prestadores de serviços vindos de Portugal. E o engraçado é que esses trabalhadores portugueses são meio que tratados como os brasileiros em Portugal. Em síntese, uma mão de obra que começa a inchar a economia.

    A procura por Luxemburgo se dá não só pelos altos salários e qualidade de vida. É um país onde, por exemplo, é possível andar em todo o território sem pagar transporte coletivo, só para se ter ideia de um dos benefícios. O lugar também é um dos mais difíceis do mundo para entrar para trabalhar, embora, ao lado de Bélgica e da Holanda, tenha sido o país que deu início ao projeto de integração da Europa – e, por isso, além de Bruxelas, também é uma das sedes da União Europeia.

    Mas essas regras cada vez mais rígidas de absorver mão de obra estrangeira não são uma exclusividade luxemburguesa. É o lado rico europeu cada vez mais incomodado com os pobres, sejam de outros continentes ou mesmo internos, que venham desfrutar das suas riquezas. Se o “forasteiro” tiver uma religião, uma cor de pele ou cultura diferente, fica mais fácil justificar pelo viés do racismo. Porém, é nítido que a questão econômica e social também é um fator preponderante.

    Exemplo: para “tirar uma onda”, pude entrar em lojas de grife como Louis Vuitton, Cartier, entre outras, e fui muito bem atendido em todas. Afinal, eu poderia ser eu um xeque, um rei ou um rico empresário africano ou afro-americano, e aí, o atendimento é sempre classe A – afinal, dinheiro não tem cor, classe e nem religião.

    Na verdade, as fronteiras que separam o econômico do racial às vezes são difusas, complexas, em qualquer parte do mundo. Mas uma coisa é certa: em lugares onde o dinheiro impera, e todos podem ser alguém dependendo do conta bancária, o racismo parece estabelecer regras mais definidas, mais respeitosas, do que no Brasil, sobretudo para quem pode pagar.

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