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    Manifestantes israelenses bloqueiam entrada de caminhões de ajuda a Gaza na fronteira

    A passagem de Kerem Shalom foi interditada por protestos organizados por famílias de reféns detidos na faixa, exigindo o retorno dos sequestrados pelo Hamas

    Kareem El DamanhouryLauren Izsoda CNN

    O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) alerta para as repercussões do declínio do acesso humanitário em partes da Faixa de Gaza e do bloqueio da ajuda na passagem de fronteira Kerem Abu Salem/Kerem Shalom na quinta (25) e sexta-feira (26).

    “Em 25 e 26 de janeiro, manifestantes israelenses bloquearam o acesso de caminhões de ajuda a Gaza através da passagem de Kerem Shalom”, disse a Ocha em um comunicado na manhã deste sábado (27), acrescentando que os caminhões que transportavam alimentos, farinha, tendas e itens de higiene não conseguiram entrar na faixa.

    “A incapacidade de fornecer alimentos, água e ajuda médica irá agravar a já terrível situação humanitária daqueles que necessitam de assistência”, afirmou.

    Os protestos foram organizados por famílias de reféns israelenses detidos em Gaza, a fim de impedir que a ajuda chegasse à faixa através de Kerem Shalom até o retorno de todos os sequestrados.

    “Representantes das famílias dos sequestrados chegaram à passagem de Kerem Shalom e impediram que caminhões que transportavam muita ajuda ao Hamas entrassem na Faixa de Gaza”, disse o porta-voz do Fórum de Famílias de Reféns e Pessoas Desaparecidas, Haim Rubinstein, em um comunicado na sexta-feira.

    “Este é o terceiro dia que as famílias impedem fisicamente a transferência de ajuda ao Hamas.”

    O Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios de Israel (Cogat) confirmou à CNN que nenhum caminhão entrou em Gaza através de Kerem Shalom na quinta ou sexta-feira devido aos protestos.

    Entretanto, o Ocha afirmou que apenas cerca de 15% (oito de 51) das missões de ajuda humanitária planeadas para o norte de Gaza entre 1 e 25 de Janeiro foram facilitadas, enquanto 29 foram negadas.

    As restantes missões incluíram duas que foram parcialmente facilitadas, quatro adiadas e oito impedidas devido a rotas intransponíveis e “atrasos excessivos” nos postos de controle.

    Durante o mesmo período, o Ocha afirma que 63% (55 de 87) das missões de ajuda humanitária na zona central de Gaza foram facilitadas, com 22 missões negadas e outras 10 adiadas.

    “Este [acesso decrescente] tem sido uma tendência emergente desde 12 de Janeiro, onde o aumento da atividade militar está dificultando os movimentos humanitários de e para hospitais e locais humanitários”, disse o Ocha.

    O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU, Ajith Sunghay, alertou ainda na sexta-feira sobre a deterioração das condições na província de Rafah, no sul, onde 1,3 milhão de palestinos estão abrigados.

    “Vi pessoas deslocadas que tinham sido ordenadas pelas autoridades israelenses a abandonar as suas casas, sem condições de alojamento, vivendo literalmente nas ruas, com esgotos correndo nas ruas e condições de desespero que conduziam a um colapso total da ordem”, disse Sunghay em um comunicado.

    “A ajuda humanitária precisa de ser prestada sem impedimentos a todos aqueles que dela necessitam.”

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