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    Mais de 30 milhões de deslocamentos aconteceram por desastres ambientais no último ano

    ONU: 80% das pessoas que deixaram seus países por conflitos e perseguições saíram de nações que já sofrem emergência climática

    Vila na Alemanha é inundada pela cheia do rio Kyll
    Vila na Alemanha é inundada pela cheia do rio Kyll dpa/picture alliance via Getty I

    Adriana Freitasda CNN

    na Escócia

    Os desastres ambientais provocam três vezes mais deslocamentos do que conflitos e violência. Somente no último ano, foram registrados 30,7 milhões de fugas do local de origem devido a desastres, quase todos (98%) causados por riscos relacionados ao clima, como inundações e tempestades.

    A crise climática está deixando a vida mais difícil para aqueles que já foram forçados a fugir. De acordo com dados divulgados pelo ACNUR (Agência da ONU para Refugiados), 80% das pessoas deslocadas mundialmente devido a conflitos e perseguições saíram de países que já sofrem emergência climática.

    Além disso, 40% das pessoas refugiadas vivem em países altamente vulneráveis às mudanças climáticas, e quase 70% das pessoas deslocadas internamente por conflito ou violência estão vivendo em tais países.

    Os refugiados enfrentam exposição desproporcional aos riscos relacionados ao clima em países de refúgio: embora os países altamente vulneráveis ao clima abriguem 20% da população mundial, eles acolhem mais de 40% dos refugiados.

    Exemplo disso são as pessoas deslocadas pelo Ciclone Idai, que atingiu Moçambique em 2019. Um ano depois os refugiados ainda lutam para reconstruir suas casas e se recuperar.

    Estimativas da ACNUR indicam que sem uma ambiciosa ação climática e redução nos riscos de desastres, o número de pessoas com necessidade de assistência humanitária devido a desastres poderá chegar a 200 milhões anualmente até 2050 – quase duas vezes mais que o número atual.

    O termo “refugiados climáticos” não existe sob a lei internacional, mas diretrizes recentes divulgadas pelo ACNUR ressaltam que, sob a Convenção de Refugiados de 1951, “deve ser válida uma solicitação para o reconhecimento da situação de refugiado quando os efeitos adversos das mudanças climáticas ou desastres interagem com conflito e violência”. A ACNUR defende que o critério de “eventos que seriamente perturbam a ordem pública”, usado para o reconhecimento da condição de refugiado por instrumentos legais regionais também poderia ser aplicado caso os efeitos das mudanças climáticas se qualificassem como tais.

    Estatísticas:

    •  14 dos 34 países em crise alimentar enfrentaram juntamente conflitos e choques climáticos em 2017 (FAO 2018);
    • Previsões indicam que mais de 50% da população mundial estará vivendo em regiões com escassez de água até 2050 (UN Water 2020);
    • 2,8 bilhões de pessoas não têm acesso a fontes limpas para cozinhar, e dependem de fogões tradicionais de baixa eficiência. Globalmente, mais de 4,3 milhões de mortes por ano, principalmente mulheres e crianças, são causadas pela poluição do ar interior;
    • Cozinhar representa a maior parte do gasto de energia – 74 por cento – das famílias de refugiados. O restante é principalmente para iluminação básica;
    • Alcançar o acesso universal à eletricidade e à tecnologia de cozinha limpa poderia salvar cerca de 1,8 milhão de vidas anualmente.