Maior hospital de Gaza é invadido: o que sabemos
Israel realiza uma incursão militar em área específica de Al-Shifa contra o Hamas
Israel lançou uma operação “direcionada” contra o Hamas na manhã de quarta-feira (15), dentro do maior hospital de Gaza, Al-Shifa. O exército israelense acusa o Hamas de usar o centro médico como base de comando.
As condições no hospital se agravaram rapidamente nos últimos dias. Em meio aos intensos combates, os médicos alertaram para uma situação “catastrófica” para pacientes, funcionários e pessoas que estavam abrigadas em Al-Shifa.
O que se sabe até agora:
A operação: Tanques e veículos militares israelenses estavam “dentro do pátio do hospital Al-Shifa”, disse Khader Al Za’anoun, repórter da agência de notícias palestina Wafa, à CNN.
Um médico de Al-Shifa disse à CNN que eles receberam um aviso 30 minutos antes do início da operação israelense.
“Fomos solicitados a ficar longe das janelas e varandas. Podemos ouvir os veículos blindados, eles estão muito perto da entrada do complexo”, disse o Dr. Khaled Abu Samra.
Por que Israel está fazendo isso? Israel acusou o Hamas de usar o hospital Al-Shifa como base de comando e controle.
Os hospitais são protegidos pelo Direito Internacional Humanitário em tempos de guerra. Mas, Israel disse num comunicado que “o uso militar contínuo do hospital de Al-Shifa pelo Hamas põe em risco o seu estatuto de proteção”.
Os Estados Unidos disseram na terça-feira (15) que receberam informações de inteligência que apontam que o Hamas tem um centro de comando sob o hospital. A declaração foi vista como um apoio às alegações de Israel.
O Pentágono afirmou que retirou o sigilo de informações de inteligência que apontam que o Hamas e a Jihad Islâmica usavam unidades médicas – incluindo o Al-Shifa – como uma “forma de oculta de apoiar as suas operações militares e manter reféns”.
A CNN não pode verificar de forma independente as afirmações dos EUA e de Israel.
O exército de Israel afirma que até agora nenhum refém foi encontrado dentro de Al-Shifa. Um dos objetivos de Israel no conflito é resgatar as mais de 200 pessoas capturadas pelo Hamas.
O que dizem as autoridades palestinas: A Ministra da Saúde palestina, Dra. Mai Al-Kaila, disse que o ataque do exército israelense representa “um novo crime contra a humanidade, profissionais da saúde e os pacientes”, além de ter “consequências catastróficas” para essas pessoas.
Al-Kaila fala em nome do Ministério da Saúde que está sob o domínio da Autoridade Palestina, sediado em Ramallah, na Cisjordânia. A pasta não tem relação com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, em Gaza.
Uma declaração do Hamas culpou Israel e os Estados Unidos pelo ataque do exército israelense ao hospital. Ao apoiar – o que chamou de “falsa narrativa” de Israel – os Estados Unidos deram a Israel “luz verde… para cometer mais massacres contra civis”.
Situação humanitária: Médicos e jornalistas descreveram condições catastróficas dentro de Al-Shifa. Os profissionais dizem que os esforços estão concentrados em manter vivos os bebês prematuros, além de relatos de procedimentos médicos à luz de velas.
O jornalista Al Za’anoun disse que as pessoas dentro do complexo “estão morrendo de fome, não há comida nem água potável, mal conseguimos água da torneira durante uma hora por dia”.
Ele disse que dezenas de cadáveres serão enterrados em uma vala comum no pátio do complexo hospitalar, já que os parentes não podem sair para enterrar seus entes queridos.
“A cena é horrível, o cheiro dos mortos é insuportável, a maioria dos corpos são de mulheres e crianças”, disse Al Za’anoun à CNN.
Acredita-se que milhares de palestinos estejam abrigados em Al-Shifa e nos arredores, tentando escapar da ofensiva aérea e terrestre de Israel.