Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Mães e crianças se abrigam em porão de hospital em Kiev, na Ucrânia

    Familiares e pacientes debilitados demais para deixar o hospital se adaptam a uma vida sitiada devido ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia

    Reuters

    No porão do Hospital Infantil Ohmatdyt, em Kiev, na Ucrânia, mães e bebês encontram todo o conforto que podem em camas improvisadas e cobertores dispostos em ambos os lados de um corredor de concreto.

    Crianças mais velhas que estão muito debilitadas para ir para casa ou fugir da capital com suas famílias após a invasão da Ucrânia pela Rússia também estão se adaptando à vida sitiada, ficando longe de janelas e deitadas em corredores enquanto recebem tratamento intravenoso.

    Funcionários, pacientes e suas famílias compartilham a sensação de choque dos ucranianos por serem pegos em um conflito que poucos poderiam ter previsto até alguns dias atrás. Como outros, seu foco imediato é a sobrevivência.

    “São pacientes que não podem receber tratamento médico em casa, não podem sobreviver sem medicação, sem tratamento médico e sem profissionais de saúde”, disse o cirurgião-chefe Volodymyr Zhovnir a repórteres na segunda-feira (28).

    O maior hospital desse tipo no país, Ohmatdyt normalmente tem até 600 pacientes, mas esse número agora é de cerca de 200, disse ele durante uma visita da mídia à clínica estatal no centro de Kiev organizada pelo governo.

    Em uma ala cirúrgica, médicos e enfermeiros operaram um menino de 13 anos trazido por uma ambulância depois de ser ferido nos confrontos armados.

    Até agora, quatro crianças foram tratadas por estilhaços e ferimentos de bala – vítimas de bombardeios dentro e ao redor de Kiev e conflitos entre as forças russas e ucranianas. Uma delas permanece em estado grave.

    Entre as mães do hospital está Maryna, cujo filho de nove anos sofre de um câncer no sangue que requer tratamento regular.

    Na segunda-feira, sirenes de ataque aéreo soaram nas ruas praticamente vazias de Kiev, alertando sobre outro possível ataque de mísseis da Rússia, que chama suas ações na Ucrânia de “operação especial”.

    “Há bombardeios, sirenes, temos que ir (para baixo)”, disse Maryna. “Nós também recebemos tratamento aqui, medicamentos, mas precisamos de mais comida… coisas básicas”, acrescentou, segurando as lágrimas enquanto falava.

    Refugiados deixam a Ucrânia em meio à guerra

    “Precisamos de paz”

    Até agora, o hospital foi poupado do bombardeio que atingiu os arredores da cidade, embora funcionários tenham dito que ouviram tiros nos últimos dias.

    Na tarde de segunda-feira, uma patrulha ucraniana disparou vários tiros contra alvos não especificados no centro de Kiev, segundo uma testemunha da Reuters. Não houve relatos imediatos de vítimas.

    Kiev está se preparando para batalhas piores à medida que as forças russas se aproximam, e a entrada do hospital foi guardada por policiais fortemente armados durante a visita da imprensa.

    No bunker subterrâneo, dezenas de crianças e seus pais estavam deitados em esteiras, algumas precisando de oxigênio adicional e outras conectadas a medicamentos intravenosos.

    Os pacientes em terapia intensiva que não podem ser movidos foram colocados em áreas relativamente seguras do edifício. As crianças dormiam em cadeiras nas áreas de recepção. O foco também está na segurança da equipe médica.

    “Também devemos cuidar do pessoal, porque se eles morrerem ou se machucarem, o que fazemos, quem vai tratar os pacientes?”, perguntou Valery Bovkun, um cirurgião de Ohmatdyt.

    Zhovnir, o cirurgião-chefe, disse que o hospital havia estocado medicamentos suficientes para um mês, mas acrescentou que precisava de comida para bebês recém-nascidos.

    “De todas as coisas, mais precisamos de paz… tudo isso é a ponta de um iceberg… as pessoas estão, por exemplo, me perguntando onde comprar insulina para crianças, as farmácias não estão abertas”.

    Ele afirmou se preocupar tanto com as crianças que não conseguiam chegar ao hospital quanto com as que estavam presas lá. O espaço normalmente atende de seis a sete crianças por dia com queixas comuns, como apendicite, mas esse número caiu drasticamente.

    “Eles não podem ter desaparecido, eles simplesmente não podem vir aqui”, disse ele.

    (Reportagem de Aleksandar Vasovic; Edição de Mike Collett-White)