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    Lula responde às críticas da esquerda francesa e defende livre comércio com ressalvas

    Após jornal francês dizer que Lula foi "decepção" por defender acordo Mercosul-União Europeia, presidente defende parceria desde que se preserve "o essencial"

    Para o presidente, a abertura das compras do governo a estrangeiros poderia afetar o projeto de reindustrialização
    Para o presidente, a abertura das compras do governo a estrangeiros poderia afetar o projeto de reindustrialização Ricardo Stuckert/PR

    Priscila Yazbekda CNN

    em Paris

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou, neste sábado (24), que o acordo entre Mercosul e União Europeia é importante e defendeu o livre comércio entre os países, desde que cada nação preserve o que for “considerado essencial”.

    O acordo que criaria a maior área de livre comércio do mundo é discutido há 24 anos e já foi finalizado, mas precisa ser ratificado e assinado pelos países de ambos os blocos para valer na prática.

    As declarações foram dadas um dia após a forte repercussão, inclusive no Brasil, da manchete do jornal francês Libération, que trouxe o presidente brasileiro na capa, chamando-o de “a decepção”, por defender, entre outros pontos, o livre comércio.

    “Quanto mais livre for o comércio entre nós, desde que cada um garanta aquilo que é considerado essencial, eu acho normal que a França tenha que defender a sua agricultura. Pode ser um ponto de mais dificuldade de inflexão, mas é normal que eles também compreendam que o Brasil não pode abrir mão das compras governamentais”, disse em entrevista à imprensa em Paris na manhã deste sábado.

    O capítulo do acordo que trata de compras governamentais é alvo frequente de Lula. O trecho prevê que empresas estrangeiras participem de licitações públicas, ao garantir “tratamento nacional” aos fornecedores estrangeiros de bens e serviços contratados pela administração pública.

    Para o presidente, a abertura das compras do governo a estrangeiros poderia afetar o projeto de reindustrialização, que é uma bandeira de sua gestão, além de prejudicar pequenas e médias empresas.

    “Porque se eu destacar para eles as compras governamentais, a possibilidade de fortalecer a indústria nacional chega a zero, a possibilidade de você permitir que pequenos e médios empresários possam produzir para o Estado comprar chega a zero, então não é possível.”

    Presidente critica protecionismo de países ricos

    Lula já tinha admitido em Roma que os dois blocos precisam abrir mão de seus “perfeccionismos e protecionismos” para que o acordo entre União Europeia e Mercosul avance. Na cúpula em Paris, na sexta-feira (23), o presidente disse que as exigências ambientais feitas pelos europeus para destravar a parceria soam como ameaça.

    No entanto, na entrevista à imprensa deste sábado, quando fez um balanço das viagens a Roma e Paris, o presidente sinalizou que o maior protecionismo vem dos europeus.

    “Dos anos 80 pra cá tudo que as pessoas falavam era que quanto mais abertura melhor, quanto mais livre comércio melhor, não sei das quantas. Agora quando chega a vez dos países pobres competirem em igualdade de condições e os mais ricos viram protecionistas, então não tem nenhum sentido”, afirmou o presidente.