Lula evita polêmica e não participará de sessão da Revolução dos Cravos no parlamento português
Apesar de convite do presidente da Assembleia, presença e possibilidade de discurso do brasileiro em cerimônia histórica do país gerou oposição de partidos políticos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou nesta sexta-feira (21) em Portugal, resolveu evitar polêmicas e decidiu não participar da sessão solene de comemoração da Revolução dos Cravos, no parlamento português, no próximo dia 25.
A presença do brasileiro e, principalmente, a possibilidade de Lula discursar na cerimônia, que celebra o episódio histórico de deposição da ditadura salazarista em 1974, gerou controvérsia política na Assembleia da República e oposição de partidos políticos.
A CNN Portugal apurou que o petista optou por não incluir a sessão solene em sua agenda durante os cinco dias de visita oficial de Estado. Ele deve partir, ao final da manhã da próxima terça-feira (25), rumo a Madrid, onde almoçará com o rei da Espanha, Filipe VI.
Entenda a polêmica
Tudo começou quando o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, anunciou a presença do petista na sessão do 25 de abril, provocando revolta de partidos como o Partido Social Democrata (PSD), “Chega” e da Iniciativa Liberal (IL).
De acordo com a CNN Portugal, o PSD afirmou não aceitar que o presidente brasileiro discursasse na Assembleia da República durante a sessão solene comemorativa, e o líder da IL declarou que os deputados deixariam o local se isso ocorresse.
De acordo com a agenda oficial do parlamento, a sessão de boas-vindas para o presidente brasileiro acontecerá às 10h, no horário de Lisboa, no plenário da Assembleia. Já a sessão da Revolução dos Cravos acontecerá a partir das 11h30.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, chegou a declarar que Lula poderia assistir à segunda sessão sem discursar, mas a CNN Portugal apurou que ele não o fará.
Partidos da direita de Portugal prometem protestos contra Lula
A CNN Portugal reportou que ao menos dois partidos planejam realizar protestos contra o petista – motivados sobretudo pelas recentes declarações polêmicas sobre a guerra na Ucrânia.
Em entrevista coletiva em Abu Dhabi, Lula apontou que EUA e UE teriam propiciado o prolongamento do conflito e que a decisão da batalha teria sido tomada “por dois países”.
“O presidente Putin não toma iniciativa de paz. O Zelensky não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra”, disse.
Dessa forma, o presidente do partido português de extrema-direita Chega, André Ventura, disse que Lula deve ser condenado pela “proximidade com a Rússia”, pela “incapacidade de ver o sofrimento do povo ucraniano”, pela “sua proximidade à China”, pela “hesitação em condenar as ditaduras sul-americanas” e pela “corrupção”.
Ventura ainda chamou de “ultrajante” a possibilidade da presença do brasileiro na sessão da Revolução dos Cravos. O líder do Chega anunciou que organizará a “maior manifestação de sempre contra um dignatário estrangeiro em Portugal”.
Segundo Ventura, serão mobilizados “portugueses e brasileiros, todos os que se quiserem juntar”.
O deputado Rui Rocha, presidente do partido Iniciativa Liberal (IL), também planeja um protesto.
Em conversa com jornalistas, Rocha declarou sobre Lula: “Nós não aceitamos, quando estamos com uma guerra na Europa, que o ‘lobby putinista’ de que Lula da Silva faz parte venha impor-se aos portugueses numa data tão importante como 25 de Abril. Mas queremos dar um sinal de que não aceitamos essa imposição.”
Ele afirmou que o líder da bancada parlamentar do partido, Rodrigo Saraiva, estará presente na sessão de boas-vindas segurando uma bandeira da Ucrânia, enquanto o resto da bancada irá se retirar do plenário.
“Nós estaremos lá e enfrentaremos Lula da Silva olhos nos olhos, pela liberdade e pela Ucrânia”, acrescentou Rocha.
(*Com informações da CNN Portugal)