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    Lula deixa Europa otimista, apesar de críticas sobre guerras e possível fracasso do acordo Mercosul-UE

    Presidente se reuniu com o chanceler alemão, Olaf Scholz; imprensa local questionou posição de Lula sobre guerras

    Presidente Lula e chanceler Olaf Scholz assinam parcerias, em Berlim
    Presidente Lula e chanceler Olaf Scholz assinam parcerias, em Berlim 04/12/2023 - Ricardo Stuckert

    Priscila Yazbekda CNN

    A viagem de três dias de Lula a Berlim se encerrou como a “melhor reunião” já feita entre Brasil e Alemanha na visão do presidente. O chanceler alemão, Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata da Alemanha, recebeu o presidente com satisfação, mas a imprensa alemã não deixou passar as diferenças entre eles.

    Antes de deixar Berlim, Lula disse a jornalistas que estava satisfeito com o saldo da viagem. “Muito, mas muito orgulhoso, porque eu já fui presidente por oito anos antes e acho que é a melhor reunião que o governo brasileiro já fez com o governo alemão”, disse.

    Scholz ressaltou a proximidade entre os países: “O Brasil é nosso parceiro comercial mais importante na América do Sul”.

    E mencionou o empenho de Lula com a preservação ambiental. “Sob sua orientação, a proteção das florestas se tornou novamente prioridade”, disse.

    O jornal alemão Deutsche Welle destaca que após a mudança de poder no Brasil, Scholz quer abrir um novo capítulo nas relações “com o maior e mais populoso país da América Latina e recebeu ouvidos abertos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

    Mas ao mesmo tempo em que exaltaram a proximidade entre os dois líderes, que compartilham a mesma visão ideológica, a imprensa alemã questionou o posicionamento do presidente brasileiro sobre os conflitos atuais.

    Lula foi criticado por não ter classificado o Hamas como um grupo terrorista logo depois do ataque; por ter culpado os dois lados na guerra entre Rússia e Ucrânia e pelo convite a Vladimir Putin para ir ao G20 no Rio de Janeiro em novembro de 2024.

    Na declaração conjunta à imprensa junto a Scholz, Lula foi questionado por um jornalista alemão sobre o convite para Putin e seus posicionamentos sobre os conflitos.

    O presidente respondeu repetindo seu discurso de defesa da paz, das negociações entre os envolvidos, e culpou a ONU pelo prolongamento das guerras.

    O presidente também reforçou o convite ao presidente russo para o G20, apenas dizendo que Putin sabe que tem um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional e pode ser preso no Brasil.

    “O farol de esperança Lula, há muito venerado como uma estrela por muitos esquerdistas europeus, tornou-se há muito tempo um parceiro problemático. A sua posição pouco clara na guerra da Ucrânia, a sua hesitação ambígua após o ataque terrorista do Hamas islâmico: tudo isto confunde os europeus – e especialmente os alemães”, diz artigo do ZDFheute, o principal jornal da emissora pública alemã ZDF.

    Ao deixar a Alemanha, Lula evitou dar uma entrevista coletiva como tem feito nos encerramentos de suas viagens ao exterior. Preferiu realizar sua live semanal ao lado de ministros.

    Parcerias firmadas e R$ 540 milhões para o meio ambiente

    Ao todo, 19 acordos foram anunciados com os alemães, principalmente em áreas como energia e meio ambiente, mas sem anúncios de investimentos.

    Depois de críticas sobre a falta de robustez nas parcerias, a ministra Marina Silva disse a jornalistas na terça-feira (5) que os alemães vão investir cerca de R$ 540 milhões (101,8 milhões de euros) em projetos ambientais no Brasil nos próximos dois anos, para além dos R$ 115 milhões (35 milhões de euros) anunciados em janeiro ao fundo Amazônia.

    “Desta vez os projetos incluem todos os biomas brasileiros, o Cerrado, a Caatinga, o Pampa, Pantanal e projetos de biodiversidade, além da Amazônia”, disse Marina.

    Junto a Marina, Lula buscou reforçar na Alemanha que tem o meio ambiente como prioridade depois que a entrada na Opep+, em Dubai, ofuscou a agenda verde do governo na COP28.

    Clima de fracasso no acordo Mercosul-EU

    Outro destaque da viagem foi o clima de fracasso sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia. Depois de praticamente reconhecer em Dubai que o acordo estava enterrado, em Berlim, Lula disse que vai tentar até o fim batalhar pelo seu avanço na reunião do Mercosul nesta semana, no Rio de Janeiro.

    “As negociações entre a UE e quatro países sul-americanos sobre uma das maiores zonas de comércio livre do mundo estagnaram”, disse o jornal alemão Tageschau, ressaltando que ainda assim Lula e Scholz falaram sobre se empenhar para levar a cabo o acordo. E foi com essa dura missão que Lula partiu de Berlim rumo ao Rio onde acontece a Cúpula do Mercosul.