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    Lula defende taxação de super-ricos na Organização Internacional do Trabalho

    Presidente do Brasil pontuou que necessário ampliar o papel do Estado como indutor do crescimento

    Salvador Stranoda CNN

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (13) a reforma do sistema financeiro global como uma ferramenta de diminuição da desigualdade no mundo durante o lançamento da Coalizão Global por Justiça Social da Organização Internacional do Trabalho.

    Para isso, afirmou Lula, é necessário ampliar o papel do Estado como indutor do crescimento e, ao mesmo tempo, taxar os super-ricos globalmente.

    “A mão invisível do mercado só agrava a desigualdade. O crescimento da produtividade não tem sido acompanhado pelo crescimento dos salários, gerando insatisfação e muita polarização”, destacou.

    “O Brasil está impulsionando a proposta de taxação dos super-ricos na pauta do G20. Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de 3 mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões”, pontuou Lula.

    “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. Certamente tentando encontrar um planeta melhor do que a terra para não ficar no meio dos trabalhadores que são responsáveis pelas riquezas deles”, ponderou.

    Igualdade de gênero

    Durante a fala, o presidente também defendeu ferramentas que levem ao fim da desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Além disso, chamou atenção para o número de mulheres que seguem fora do mercado por conta da distribuição desigual das tarefas domésticas.

    “Trabalho igual para salário igual ainda é uma utopia. Mais de meio bilhão de mulheres em idade ativa estão fora da força de trabalho”, comentou.

    Inteligência Artificial

    No discurso, Lula também citou os riscos da inteligência artificial (IA) para o mercado de trabalho. A própria OIT classifica as ferramentas de IA e os avanços da robótica como forças que devem mudar profundamente o mercado de trabalho nos próximos anos.

    Assim, ele defendeu a criação para o Sul Global para que seja possível “competir com os países mais ricos”.

    “A inteligência artificial nada mais é do que a esperteza de algumas empresas que acumulam conhecimento de todos os seres humanos. É uma tarefa revolucionária a gente tentar mudar esse quadro”, afirmou Lula.

    O presidente ainda avaliou o papel dos sindicatos e das organizações internacionais no avanço ético desse tipo de ferramenta.

    “Inovações tecnológicas podem ampliar os horizontes da humanidade, mas foi a luta do trabalhador que disciplinou e democratizou seu uso”, comentou.

    “A inteligência artificial transformará radicalmente nosso modo de vida. Temos que atuar para que seus benefícios cheguem a todos. E não apenas nos mesmos países que ficam sempre com a parte melhor”, pontuou.

    Sustentabilidade

    Ainda durante o discurso, Lula retomou as promessas de zerar o desmatamento no Brasil até 2030.

    Ele convidou os integrantes do painel a irem à COP30, que será realizada em Belém, em 2025, como parte de um esforço global para garantir o desenvolvimento sustentável da região.

    “Nessa COP, vai ser o primeiro ano em que o mundo inteiro vai ver e ouvir o que a Amazônia pensa dela mesma e o que deseja para ela. Embaixo de cada árvore há um indígena, um seringueiro, um extrativista que precisa sobreviver”, ressaltou.

    Em seguida, o presidente comentou que, pensando no impacto nas comunidades que dependem das florestas, os “países ricos precisam pagar a conta para que os pobres possam sobreviver cuidando da Amazônia, que eles não cuidaram como deveriam cuidar”.

    “As florestas tropicais não são santuário para deleite da elite global, tampouco podem ser tratadas como depósito de riquezas a serem exportadas”, ponderou.

    Extremismo político

    Lula abordou ainda as eleições ao redor do mundo, que, conforme pontuou, 2024 será o ano em que o maior número de eleitores da história irá às urnas.

    Ressaltando que a democracia e a participação social são essenciais para a conquista de direitos trabalhistas, disse que os ataques à democracia implicaram na perda de direitos.

    “O extremismo político ataca e silencia minorias, negligencia os mais vulneráveis e vende muita ilusão. A negação da política deixa um vácuo a ser preenchido por aventureiros que espalham a mentira e o ódio”, pontuou.

    “A contestação da ordem vigente não pode ser privilégio da extrema direita. A bandeira anti-hegemônica precisa ser recuperada pelos setores populares progressistas e democratas”, acrescentou.

    Desta maneira, observou que é necessário “recuperar o papel do Estado como planejador do desenvolvimento”.

    Coalizão Global por Justiça Social

    O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS também participou do painel da Organização Internacional do Trabalho.

    No evento, Tedros Adhanom agradeceu a Lula pela decisão do Itamaraty de sediar uma rodada de investimentos para a OMS durante o G20, que será realizado no Rio de Janeiro, em novembro.

    Adhanom também destacou o papel da saúde no combate às injustiças sociais e pediu que as instituições trabalhem em prol da dignidade humana.

    “No coração da justiça social está o princípio de equidade. Isso exige que nós enfrentemos desigualdades e injustiças sistêmicas, que a gente desafie a descriminação e que possamos desmantelar as barreiras que impedem que todos realizem o máximo de seu potencial”, avaliou o diretor.

    Assista ao discurso completo:

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