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    Lula cobrou Itamaraty por carta de resposta do Mercosul à União Europeia antes de cúpula na Bélgica

    Esboço entregue pelo Brasil aos sócios do Mercosul tem tom duro e deve deixar acordo mais distante

    Priscila Yazbekda CNN , em Bruxelas

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pressionou o Itamaraty para enviar a minuta da resposta do Mercosul à União Europeia antes de chegar à Bélgica para a cúpula da Celac e do bloco europeu, que acontece nos dias 17 e 18 de julho.

    A carta é uma resposta à União Europeia, que enviou em março um documento, o chamado instrumento adicional, impondo exigências ambientais para o avanço do acordo.

    Fontes do governo afirmam que o presidente queria enviar a carta aos outros sócios do Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai – antes de desembarcar em Bruxelas. Assim, para todos os efeitos, o presidente poderia dizer que a bola está com os outros países do bloco agora e o Brasil fez sua parte.

    A CNN já havia adiantado que o tom da minuta de resposta aos europeus é duro e que o acordo não será o foco da viagem de Lula à Bélgica.

    Fontes do governo afirmam que o Brasil incluiu na carta algo sobre a importância do desenvolvimento sustentável, que é mais abrangente do que apenas meio ambiente, e adicionou a preocupação com o avanço em questões sociais.

    Um ponto específico que o Brasil não quer abrir mão na resposta aos europeus diz respeito às compras governamentais. Lula teme que as empresas europeias roubem espaço das empresas nacionais com a permissão para participarem de licitações públicas, conforme prevê o acordo.

    Uma fonte que acompanha de perto as discussões afirma que as demandas brasileiras nada mais são do que uma forma de o governo ganhar tempo para não finalizar o acordo.

    Lula mantém a resistência à parceria comercial entre Mercosul e União Europeia que já tinha nos seus primeiros mandatos. O presidente teme que a redução de impostos, prevista pelo acordo, facilite a entrada de produtos industrializados europeus e prejudique seu projeto de reindustrialização.

    Também há resistência ao acordo por parte dos europeus, principalmente da França. Tanto fontes do governo francês, quanto do brasileiro, confirmam que os franceses são contrários ao avanço do entendimento por causa do protecionismo do setor agrícola, que tem forte participação no parlamento francês.

    Conversas

    O Itamaraty está tentando encontrar um horário para que ministros do Mercosul se encontrem com europeus durante a cúpula na Bélgica. Também há tratativas para a realização de uma videoconferência em julho e um encontro em agosto entre as partes técnicas de ambos os blocos.

    Lula se encontrará com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na manhã desta segunda-feira (17).  A expectativa é que conversem sobre o acordo entre Mercosul e União Europeia, mas este não será o assunto principal da conversa.

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