Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Líderes indígenas propõem nova meta para proteger a Amazônia do desmatamento

    Campanha foi lançada em conferência na França; no Brasil, lar de 60% do bioma, o desmatamento aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019

    Reuters

    Grupos indígenas pediram aos líderes mundiais neste domingo (5) que apoiem uma nova meta de proteger 80% da bacia amazônica até 2025, dizendo que uma ação ousada era necessária para impedir que o desmatamento empurrasse a maior floresta tropical da Terra para além de um ponto sem volta.

    A campanha foi lançada em uma conferência de nove dias em Marselha, onde vários milhares de funcionários, cientistas e ativistas estão preparando as bases para as negociações das Nações Unidas sobre biodiversidade na cidade chinesa de Kunming no próximo ano.

    “Convidamos a comunidade global a se juntar a nós para reverter a destruição de nossa casa e, assim, salvaguardar o futuro do planeta”, disse José Gregorio Diaz Mirabal, coordenador-chefe da COICA, que representa grupos indígenas em nove nações da bacia amazônica.

    Quase 50% da bacia amazônica está atualmente sob alguma forma de proteção oficial ou manejo indígena, de acordo com pesquisa publicada no ano passado.

    Mas a pressão da pecuária, mineração e exploração de petróleo está crescendo. No Brasil, lar de 60% do bioma, o desmatamento aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019, atingindo o nível máximo em 12 anos no ano passado e atraindo protestos internacionais.

    A bacia amazônica perdeu 18% de sua cobertura florestal original, enquanto outros 17% foram degradados, de acordo com um estudo de referência divulgado em julho pelo Painel de Ciência para a Amazônia, com base em pesquisas de 200 cientistas.

    Se o desmatamento chegar a 20% ou 25%, isso pode levar a Amazônia a uma espiral mortal, na qual a seca pode transformar a região em savana, segundo o cientista brasileiro do sistema terrestre Carlos Nobre.

    O encontro de Marselha é o mais recente “Congresso Mundial de Conservação”, um evento realizado a cada quatro anos pela União Internacional para a Conservação da Natureza, um fórum que reúne governos, sociedade civil e pesquisadores.

    A COICA quer que o congresso endosse sua declaração “Amazonia80x2025” para dar à proposta uma chance maior de ganhar força em Kunming, onde os governos devem discutir metas para proteger a biodiversidade na próxima década.

    Posicionamento do Ministério do Meio Ambiente

    Em nota publicada nesta semana, o Ministério do Meio ambiente diz que o Plano Nacional de Combate ao Desmatamento, que inclui a integração entre ministérios e o Conselho Nacional da Amazônia Legal, tem tido resultados positivos.

    Como exemplo, a pasta cita a queda de 32,45% no desmatamento registrado em julho, segundo dados oficiais divulgados na quinta-feira (02) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

    “De acordo com registros feitos pelo sistema DETER (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), a área desmatada em agosto ficou em 918 km². Em 2020, o mesmo mês contabilizou 1.359 km²”, diz.

    A pasta diz ainda que o governo federal mais que dobrou o orçamento para fiscalização, de R$ 228 milhões para R$ 498 milhões, e que tem investido em tecnologia e inovação para melhorar o monitoramento na região.