Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Líder de grupo que invadiu o congresso americano era informante do FBI

    Enrique Tarrio, líder dos Proud Boys, revela ter contribuído com o bureau de investigações depois de ser condenado por fraude

    Sara Sidner, Anna-Maja Rappard, Mallory Simon, da CNN

    O líder do grupo de extrema-direita Proud Boys, Enrique Tarrio, admitiu que passou a ser informante do FBI e de outras agências depois de ser condenado em um caso de fraude federal. Agora, no entanto, ele diz que o FBI não é confiável e que usa indevidamente o seu poder como instituição.

    Tarrio afirma que seus homens – e são todos homens – não foram violentos no dia da invasão do Capitólio. Ele diz que estão sendo acusados “indevidamente” de invasão e violação do congresso.

    “O FBI e o DOJ [estão] usando os Proud Boys e os Oath Keepers para mostrar às pessoas que eles estão agindo”, argumenta Tarrio. “Eles precisam de uma cabeça para decepar. Eles precisam pendurar cabeças em estacas.”

    Em entrevista à CNN, Tarrio disse ainda que não se importa com o fato de os congressistas americanos terem sido aterrorizados por manifestantes no capitólio, em 6 de janeiro, enquanto trabalhavam.

    “Não titubeio sobre pessoas que não dão a mínima para seus eleitores. Não vou me simpatizar com eles”, diz Enrique Tarrio.

    Mais de uma dúzia de pessoas afiliadas ao grupo, que se autodenomina “chauvinistas ocidentais” foram acusadas de participação na invasão do congresso. A CNN sentou-se com Tarrio para ouvir se ele tinha alguma explicação ou justificativa para suas ações ou se mudaria o rumo de suas ações.

    Ele dá respostas pontuais, mas depois acrescenta divergências.

    O que ele não fez foi mudar de ideia sobre o papel que os Proud Boys desempenharam em 6 de janeiro ou seus sentimentos sobre a segmentação de membros do Congresso, apesar do lançamento de tantos vídeos incrivelmente violentos. O ataque deixou cinco mortos e dezenas de policiais feridos.

    No dia seguinte ao ataque, Tarrio postou uma foto de membros da Câmara agachados e escondidos. “Quando o povo teme o governo, há tirania… Quando o governo teme o povo, há liberdade”, dizia a legenda.

    Ele disse à CNN que estava citando Thomas Jefferson, embora não haja evidências de que o terceiro presidente tenha dito isso, de acordo com fundação que leva seu nome.

    “Eles apoiam crianças bombardeando drones no Oriente Médio … [e] essas pessoas estão mortas. Se eles estão apenas se encolhendo porque um grupo de desajustados entrou no capitólio, não vou ser simpático”, disse Tarrio CNN.

    Ele absolve a multidão que havia batido às portas da Câmara e do Senado e que tentavam chegar até os que estavam lá dentro. “Não vou me preocupar com as pessoas cuja única preocupação é serem reeleitas.”

    Tarrio não estava no Capitólio em 6 de janeiro. Ele foi condenado a ficar longe de Washington, depois de ser preso na cidade dois dias antes da invasão, por ter queimado um banner do grupo Black Lives Matter, em dezembro, e por portar uma arma. Ele admitiu ambos os fatos à CNN.

    O manifestante de extrema-direita diz repetidamente que não apoia o ataque ao capitólio, mas também não condena os agressores.

    Não é tão simples, diz ele. “Acho que condenar é uma palavra muito forte.”

    Tarrio diz que entende o que deixa as pessoas tão frustradas. Apoiadores de Donald Trump se sentiram demonizados após serem chamados de “deploráveis” e ficaram irritados com os protestos que se tornaram violentos em lugares como Portland e Minneapolis, além das restrições por conta do coronavírus e o banimento de sites populares de mídia social, diz ele. Alguns, embora não Tarrio, acreditam na mentira de que a eleição foi roubada.

    Tarrio acredita que membros de sua organização se envolveram no momento, acrescentando que ele poderia ter feito o mesmo se estivesse lá.

    Mas ele se mantém inflexível quanto à afirmação de que seu grupo nunca teve planos de invadir o Capitólio.

    Ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021
    Ataque ao Capitólio em 06 de janeiro de 2021
    Foto: Shannon Stapleton/Reuters

    A notoriedade é uma espada de dois gumes

    Os documentos judiciais mostram que os Proud Boys estão atrás apenas dos Oath Keepers quando se trata da importância dos grupos organizados na invasão do capitólio.

    Os Proud Boys são acusados de conspiração, fazer ameaças de agressão a um oficial federal, roubar o escudo de um policial, roubar e destruir propriedade do governo, porte de arma perigosa, agressão, resistência e impedimento do trabalho de policiais, além de violar barreiras e cercas.

    Dominic Pezzola, um Proud Boy de Nova York, usou o escudo antimotim roubado para quebrar uma janela do capitólio.

    As imagens do ataque mostram a multidão pró-Trump entrando por aquela janela quebrada.

    Tarrio diz que Pezzola apenas “bagunçou tudo”. “Eu simplesmente não vejo um flagrante. Ele não agrediu nem machucou ninguém.”

    Ele acredita que seus membros – junto com alguns outros de grupos anti-governo da direita, como Oath Keepers, estão sendo usados como bode expiatório por causa da notoriedade que têm.

    O perfil dos Proud Boys ganhou inúmeros acessos depois que Trump disse ao grupo para “recuar e aguardar” quando pediram ao ex-presidente, durante o primeiro debate presidencial, que ele denunciasse os extremistas.

    Os Proud Boys venderam seus produtos e arrecadaram fundos com essa menção do então presidente, e Tarrio parece feliz em relatar que o número de membros dobrou nos dias seguintes.

    Mas Tarrio não está disposto a encarar mais perguntas sobre o caso. Em vez disso, ele se mostra hábil em desviar do assunto.

    Embora ele pareça feliz em apontar a violência que é associada a manifestantes antifascistas, conhecidos como Antifa, em cidades como Portland e Oregon, ele não reconhece o papel dos Proud Boys nos mesmos confrontos violentos, dizendo que lutam apenas para se defender.

    Ele aparenta ter recuado no pedido de que a Antifa seja declarada uma organização terrorista, não porque sua aversão a ela tenha diminuído, mas porque teme que a mesma classificação possa ser usada contra seu grupo e outros para “silenciar seu discurso de liberdade”.

    O Canadá recentemente fez essa escolha, adicionando os Proud Boys à sua lista de grupos terroristas. Mas Tarrio insiste que mudou de ideia sobre o Antifa antes dessa decisão. Tarrio discorda da designação do Canadá e diz que os Proud Boys canadenses estão considerando suas opções legais para combatê-la.

    Tarrio é próximo do confidente de Trump, Roger Stone, e até revelou que foi chamado para testemunhar perante um grande júri a respeito de Stone.

    Stone estava enfrentando sete acusações por mentir ao Congresso e testemunhar adulteração da investigação para descobrir se a campanha Trump de 2016 era conivente com a Rússia. Um júri condenou Stone em todas as sete acusações, mas Trump, mais tarde, o perdoou.

    Durante aquele caso, uma investigação foi iniciada para saber se Stone havia ameaçado a juíza depois que uma postagem apareceu em sua conta na rede social mostrando uma foto da juíza e o que os investigadores pensaram que poderia ser um alvo atrás de sua cabeça. Stone testemunhou que uma pessoa que trabalhava com ele em suas contas de rede social é quem havia escolhido a imagem.

    Katelyn Polantz, da CNN, relatou pela primeira vez na semana passada que um grande júri foi convocado em 2019. Tarrio disse que testemunhou porque teve acesso ao telefone de Stone algumas vezes para postar conteúdo em rede social.

    Tarrio diz que não teve nada a ver com a postagem dessa imagem.

    Apoiadores de Trump invadiram o Capitólio
    Apoiadores de Trump invadiram o Capitólio
    Foto: Reprodução/CNN

    O que vem depois

    O líder dos Proud Boys diz ter provas de que seu grupo nunca teve más intenções na invasão do capitólio, em 6 de janeiro. Essas provas, diz ele, está nas comunicações internas nos dias, semanas e meses anteriores à invasão, e é diferente das mensagens públicas vistas no Parler ou Telegram.

    Mas, em seguida, ele diz que não vai compartilhar essas provas, pelo menos, não ainda. Ele está esperando o momento certo em que terá o maior impacto a favor dos seus homens.

    Ele confirma ter dito ao seu grupo para não usar as cores normais para o evento do dia 6 de janeiro. Mas, segundo ele, não era para fugir das autoridades, mas apenas para enganar os grupos antifascistas.

    Ele diz que, depois do que aconteceu em 6 de janeiro, seu grupo está pensando em mudar algumas de suas táticas.

    “Acho que agora é a hora de ir em frente e derrubar o governo, tornando-se o novo governo e concorrendo a um cargo”, diz ele.

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

     

     

     

    Tópicos