Lêmures indri estão entre os poucos animais que têm ritmo, diz estudo
Cientistas analisaram vocalizações de 39 lêmures da espécie indri e descobriram que eles compartilham padrões rítmicos com humanos
Se os animais pudessem ser indicados ao Grammy, os lêmures poderiam vencer. Ritmo para isso eles têm, é o que mostra um estudo realizada por pesquisadores da Universidade de Turim, na Itália.
O indri, uma espécie de lêmure de Madagascar, é uma das poucas espécies de animais com ritmo, segundo o estudo publicado, nesta segunda-feira (25), na revista científica Current Biology.
O indri é a maior espécie de lêmure, e a única que canta, o que torna a espécie perfeita para verificar se os animais têm ritmo, é o que diz a coautora do estudo Chiara De Gregorio, pesquisadora do departamento de ciências da vida e sistemas biológicos da Universidade de Torino, na Itália.
Ritmo é definido como “padrões duradouros de sons e silêncios”, disse a pesquisadora.
Os pesquisadores queriam ver se os lêmures preto e branco tinham essa capacidade de criar diferentes tipos de padrões de ritmo.
A batida do lêmure
Após 12 anos de pesquisa, os cientistas analisaram 636 gravações de vocalizações de 39 lêmures da espécie indri adultos e descobriram que eles usam dois padrões rítmicos que também são usados por humanos. Assim como os humanos, os lêmures são primatas.
O primeiro padrão é conhecido como isocronia, que ocorre quando os intervalos entre as notas são espaçados de maneira uniforme durante um determinado período, disse De Gregorio. A equipe de pesquisa descobriu que os lêmures também cantavam em um padrão de proporção de 1:2, que é quando o segundo intervalo é duas vezes maior que o primeiro, acrescentou ela.
Ambos os padrões de intervalo podem ser encontrados na introdução da música “We Will Rock You” do Queen, explicou a pesquisadora da Universidade de Turim
Uma análise mais aprofundada descobriu que os machos seguravam as notas por mais tempo e cantavam com uma duração mais longa entre as notas do que as fêmeas. Cantar consome uma quantidade significativa de energia, disse De Gregorio, então os intervalos estendidos podem permitir que os lêmures machos cantem por um período mais longo.
Coletar gravações dos lêmures cantando não foi uma tarefa fácil.
Cantar para sobreviver
Pesquisadores passaram anos rastreando os lêmures indri na floresta para tentar ouvi-los, mas eles podem passar um dia inteiro sem cantar, disse De Gregorio.
Os pesquisadores não sabem exatamente por que os indri desenvolveram esse talento único, mas De Gregorio disse acreditar que isso pode ser resultado de um processo evolutivo, que garantiu à espécie uma comunicação de longa distância para defesa do território.
“Nossos resultados podem ser uma evidência importante para a nossa compreensão das origens de nossas habilidades rítmicas, nosso amor pela dança e nossa paixão pela música”, disse De Gregorio.
O próximo passo em sua pesquisa é determinar se esses animais ameaçados de extinção sabem cantar ao nascer ou se é uma habilidade que eles praticam.
(Texto traduzido. Leia o original aqui.)