Kremlin acusa Alemanha de planejar atacar a Rússia após vazamento de conversa de militares
Mídia russa publicou gravação de áudio do que disseram ser uma reunião de militares alemães discutindo envio de armas para a Ucrânia e um possível ataque de Kiev a uma ponte na Crimeia
O Kremlin disse, nesta segunda-feira (4), que uma suposta gravação de discussões militares alemãs mostrou que as Forças Armadas da Alemanha estavam discutindo planos para lançar ataques em território russo, e questionou se o chanceler Olaf Scholz estava no controle da situação.
A mídia russa publicou na semana passada uma gravação de áudio do que disseram ser uma reunião de altos funcionários militares alemães discutindo envio de armas para a Ucrânia e um possível ataque de Kiev a uma ponte na Crimeia, o que levou as autoridades russas a exigirem uma explicação.
“A própria gravação diz que dentro da Bundeswehr [Forças Armadas alemãs], os planos para lançar ataques em território russo estão sendo discutidos de forma substancial e concreta”, disse o porta-voz do Kremlin , Dmitry Peskov, a repórteres.
“Isso não requer qualquer interpretação jurídica. Tudo aqui é mais do que óbvio”, acrescentou.
“Aqui temos que descobrir se a Bundeswehr está fazendo isso por sua própria iniciativa. Então a questão é: quão controlável é a Bundeswehr e até que ponto Scholz controla a situação? Ou isso faz parte da política do governo alemão?”, completou Peskov.
O porta-voz disse que ambos os cenários eram “muito ruins. Ambos enfatizam mais uma vez o envolvimento direto dos países do Ocidente no conflito em torno da Ucrânia”.
A Alemanha disse que está investigando o que chamou de um aparente ato de escuta por parte da Rússia.
“O incidente é muito mais do que apenas a interceptação e publicação de uma conversa. É parte de uma guerra de informação que [o presidente russo, Vladimir] Putin está travando”, disse o ministro da Defesa, Boris Pistorius, no domingo.
“É um ataque híbrido de desinformação. Trata-se de divisão. Trata-se de minar a nossa unidade”, completou.
A Alemanha está entre os países da Otan que forneceram armamento à Ucrânia, incluindo tanques.
A Rússia acusa o que chama de “Ocidente coletivo” de usar a Ucrânia para travar uma guerra terceirizada contra ela. A Otan diz que está ajudando Kiev a se defender contra uma guerra de agressão.
A Rússia convocou nesta segunda-feira o embaixador da Alemanha para exigir uma explicação para as discussões militares na gravação.
O enviado, Alexander Graf Lambsdorff, deixou o Ministério das Relações Exteriores sem falar com os repórteres após participar da reunião.
É a segunda vez na semana que Moscou ataca o que considera ser uma prova da intenção ocidental de atacar diretamente a Rússia.
Depois do presidente francês, Emmanuel Macron, ter sugerido a possibilidade de as nações europeias enviarem tropas para a Ucrânia, os aliados de Putin disseram na semana passada que quaisquer tropas francesas enfrentariam a morte e a derrota, como os soldados de Napoleão que invadiram a Rússia em 1812.
Putin disse num discurso na quinta-feira passada que os países ocidentais arriscavam provocar uma guerra nuclear se enviassem tropas para lutar na Ucrânia.