Jornalista que protestou contra guerra com cartaz na TV russa é condenada à revelia em Moscou
Marina Ovsyannikova, que está em Paris, criticou a invasão no território ucraniano em jornal ao vivo na televisão estatal russa; ela escapou da prisão domiciliar no ano passado
Marina Ovsyannikova, uma jornalista russa que organizou um ousado protesto contra a guerra na Ucrânia ao vivo na televisão estatal, foi condenada a oito anos e meio de prisão à revelia por um tribunal russo.
Ovsyannikova foi considerada culpada de “divulgação pública de informações sabidamente falsas sobre o uso das Forças Armadas da Federação Russa”, de acordo com um comunicado publicado pelo serviço de imprensa do tribunal distrital de Moscou no Telegram na quarta-feira (4).
A jornalista de 44 anos alcançou fama internacional no ano passado quando, como editora do canal de televisão estatal russo Channel One, ficou atrás de um âncora e ergueu uma placa que dizia “Não à Guerra” durante uma transmissão ao vivo.
Numa entrevista com Erin Burnett, da CNN, após a decisão do tribunal, Ovsyannikova rejeitou a sentença como tendo motivação política.
“Isto é apenas justiça falsa porque, você sabe, na Rússia não temos tribunais independentes, Putin destruiu todos os tribunais independentes.”
Ovsyannikova disse que parentes na Rússia se voltaram contra ela, e até testemunharam. “Eles deram provas contra mim no tribunal e fiquei chocada quando li sobre isso.”
“Eles vivem em outra realidade informacional. Se você vem para a Rússia, começa a pensar de outra forma. Os meus parentes russos pensam que a Rússia está cercada de inimigos. Eles acreditam em Putin e pensam que sou a traidora.”
Ela continuou dizendo que estava “muito preocupada” com o futuro da Rússia.
“Se eu voltar para a Rússia, estarei imediatamente na prisão. Estou muito preocupada com o futuro do meu país e quero lutar por um futuro melhor.”
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Ovsyannikova escapou da prisão domiciliar com a filha no ano passado e agora está em Paris, segundo sua assistente.
Numa entrevista anterior à CNN, em fevereiro, Ovsyannikova descreveu a sua fuga da Rússia para França com a filha de 11 anos.