Jim Jordan desiste de Presidência da Câmara dos EUA e apoia Patrick McHenry
Nova votação pode ocorrer nesta tarde; turbulência no Congresso é responsável por volatilidade do mercado, dizem investidores
O conservador Jim Jordan disse aos colegas republicanos que desistiu da candidatura para ser presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e apoiará o republicano Patrick McHenry para ocupar o cargo temporariamente, disseram deputados nesta quinta-feira (19).
A Casa está sem um líder há mais de duas semanas, e Jordan, que foi apoiado por Donald Trump, pelo segundo dia consecutivo, não alcançou os 217 votos necessários para ocupar a cadeira vaga de presidente da Câmara, já que 22 republicanos e todos os 212 democratas votaram contra ele.
A linha dura dos Republicanos expressou indignação com o acordo. Esse grupo exerceu enorme influência na Câmara ao longo deste ano, levando Washington à beira do calote e próximo de uma paralisação do governo, em uma campanha de cortes orçamentários que teve sucesso limitado até agora.
Questionado sobre o que esperava ao entrar em uma reunião a portas fechadas com outros republicanos, Jordan disse: “Não saberei até falar com meus colegas”.
Nessa reunião, Jordan disse que não buscaria uma terceira votação para ganhar o cargo e, em vez disso, apoiaria um plano para alavancar McHenry para ocupar o cargo até janeiro, de acordo com vários deputados.
McHenry, que atua como orador interino desde a destituição de Kevin McCarthy em 3 de outubro, afirmou: “Sem comentários. Estamos tendo uma conversa ativa e vigorosa”.
Essa opção, que os Democratas também disseram que poderiam apoiar, permitiria ao Congresso voltar ao trabalho. Espera-se que o presidente democrata Joe Biden peça ao Congresso esta semana que aprove até US$ 60 bilhões para a Ucrânia e US$ 10 bilhões para Israel, e o financiamento para as operações do governo dos EUA também deverá expirar em menos de um mês.
“Não acredito que estamos seguindo esse caminho”, disse o deputado republicano Jim Banks.
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Possível votação nesta tarde
A Câmara poderia votar a proposta à tarde, afirmou a republicana Marjorie Taylor Greene, que disse não apoiá-la.
“Nossos eleitores republicanos trabalharam muito para nos dar a maioria. E essa conferência foi interrompida porque os republicanos trabalharam com os democratas e nos colocaram aqui”, afirmou.
Não estava claro se Jordan, que é apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, abandonaria totalmente a candidatura para a liderança ou continuaria tentando construir o apoio entre os republicanos.
A longa batalha pela liderança revelou divisões entre os republicanos, que controlam a Câmara por uma estreita margem de 221 a 212 dos democratas. Investidores dizem que a turbulência no Capitólio também está contribuindo para a volatilidade do mercado.
“Neste momento, a agenda republicana, a agenda conservadora, está totalmente descarrilada”, disse o republicano Mario Diaz-Balart, um opositor da Jordan.
Jordan seria o terceiro candidato para a Presidência da Câmara que foi vítima de lutas internas. Kevin McCarthy foi destituído do cargo em 3 de outubro por um pequeno grupo de insurgentes republicanos. Steve Scalise, o segundo republicano da Câmara, obteve apoio do partido na semana passada, mas desistiu depois de não consolidá-lo.
Jordan teve 200 votos na primeira tentativa na terça-feira e 199 votos na quarta. Um oponente, o deputado republicano Don Bacon, previu que perderia mais dez votos em uma terceira tentativa.
Os republicanos, que votaram contra Jordan, citaram diferenças em relação a impostos e gastos e o acusaram de minar a candidatura de Scalise para a liderança na semana passada. Outros se opuseram ao assédio provocado por telefone e até mesmo às ameaças de morte por parte de apoiadores dele.
Os apoiadores de Jordan dizem que ele seria um combatente eficaz das políticas conservadoras em uma cidade onde os democratas controlam a Casa Branca e o Senado.
Ao contrário de outros líderes no Congresso, Jordan construiu seu perfil como um defensor inflexível do Partido Republicano, entrando em conflito tanto com republicanos como com democratas.
Ele incentivou paralisações governamentais em 2013 e 2018 e foi uma “peça importante” nas tentativas de Trump de derrubar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições de 2020, de acordo com uma investigação do Congresso. Ele está ajudando a liderar uma investigação de impeachment contra Biden, que até agora não conseguiu encontrar evidências de irregularidades por parte do presidente.