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    Itália realiza testes em humanos para buscar anticorpos contra coronavírus

    Após fase inicial, que contempla até 3 mil profissionais de saúde, os testes deverão ser estendidos aos funcionários e residentes em asilos

    Reuters

    Autoridades do norte da Itália começaram a testar profissionais de saúde com o objetivo de buscar anticorpos que possam ajudar a identificar indivíduos imunes ao coronavírus. Ao mesmo tempo, buscam maneiras de aliviar o isolamento social, imposto há um mês, para conter a epidemia. 

    Nesta segunda-feira (6), a região nordeste de Vêneto, que vivenciou um dos primeiros surtos do vírus em fevereiro, iniciou os exames de sangue em profissionais de saúde, seguindo a região vizinha de Emília-Romanha, que começou a realizar os testes na semana passada.

    “Eu posso anunciar que os exames de sangue em profissionais de saúde começaram”, disse o governador regional, Luca Zaia. 

    Após uma fase inicial, que contempla entre 2 mil e 3 mil profissionais de saúde, os testes deverão ser estendidos aos funcionários, residentes em asilo e colaboradores que tenham contato com o público.

    Segundo Zaia, o objetivo dessa ação é permitir a emissão de licenças, por parte das autoridades, aos indivíduos com imunidade comprovada ao vírus, para que retornem ao trabalho. 

    Os testes são feitos no momento em que o número de mortes e infecções tem diminuído e o governo começa a considerar a chamada fase 2 da crise do coronavírus, quando as empresas e indústrias fechadas durante a quarentena podem retomar as atividades. 

    Com mais 3.599 casos confirmados nesta segunda-feira (6), o número total de casos na Itália aumenta para 132.547. Este é o menor aumento diário desde 17 de março, enquanto o número de mortes subiu para 16.523 após a confirmação de mais 636 mortes –pouco menos de um quarto de todas as mortes registradas até agora no mundo.

    Com a frágil economia da Itália enfrentando o colapso mais grave desde a Segunda Guerra Mundial, as autoridades estão desesperadas para retomar a produção, enquanto tentam evitar uma segunda onda de infecções que poderia reacender a epidemia.

    No entanto, na ausência de uma cura ou vacina, a resposta foi dificultada pelos diversos aspectos desconhecidos do vírus, assim como pela incerteza se a imunidade pode ser desenvolvida contra o novo coronavírus. 

    Os testes realizados, que procuram anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta à doença, são mais simples do que os testes feitos a partir da coleta de material do nariz e garganta, utilizados para encontrar o próprio vírus. Porém, ainda há dúvidas se eles podem produzir resultados confiáveis.

    “Alguns dizem que vão trabalhar, outros dizem que não”, afirmou Zaia no boletim diário. “Tudo precisa ser comprovado, mas é assim que as vacinas são feitas também”, complementa.

    Os exames de sangue, que produzem resultados muito mais rápidos do que os testes realizados a partir do muco nasal, buscam identificar dois tipos de anticorpos: um que mostra o contato com o vírus, e outro que indica se o corpo desenvolveu uma defesa contra ele.

    “Começamos a verificar se esses testes são eficazes e se estão de acordo com a análise molecular”, disse Andrea Crisanti, professor de virologia da Universidade de Pádua, que está realizando os testes com a Universidade de Verona.

    “Acredito que entre duas semanas a um mês teremos dados suficientes para termos um certo nível de confiança”, disse o professor à Reuters.

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