Israel interroga médicos e recém-nascidos correm “grave perigo” em Al-Shifa
Organização Mundial da Saúde (OMS) “perdeu novamente o contato” com a equipe médica
O diretor-geral dos hospitais de Gaza disse que o exército de Israel invadiu uma área cirúrgica do complexo hospitalar de Al-Shifa, durante a operação militar iniciada nesta quarta-feira (15).
Em declarações ao canal de notícias Al Jazeera, Mohammad Zaqout disse que as Forças de Defesa de Israel interrogaram equipes médicas, pacientes e seus familiares.
“Algumas pessoas foram obrigados a tirar a roupa”, disse o diretor-geral, que não estava no hospital, mas falou com os médicos de Al-Shifa. Zaqout disse ainda que os tanques israelenses começaram a deixar o complexo agora há pouco.
A CNN não está no complexo e não pode verificar as informações de forma independente.
Um alto funcionário da defesa israelense disse aos jornalistas no início da tarde de quarta-feira (15), que não tinha informações sobre interrogatórios – mas reconheceu que a operação ainda estava em andamento no momento da fala.
Recém-nascidos em Al-Shifa correm “grave perigo”
Os bebés recém-nascidos, que estão no maior hospital de Gaza, correm “grave perigo”, disse o diretor-geral dos hospitais de Gaza à Al Jazeera.
“Ao enviar a ordem de retirada do hospital (Al-Shifa) dissemos inúmeras vezes que não há lugar para mover 40 incubadoras para fora da unidade”, disse Mohammad Zaqout.
A CNN não conseguiu confirmar de forma independente a fala do diretor. Mas, no início desta semana, imagens divulgadas pelo hospital mostraram bebés recém-nascidos retirados das incubadoras e colocados lado a lado numa cama devido à falta de energia em meio aos bombardeios em Gaza.
“Precisamos urgentemente de um hospital de campanha (na cidade de Gaza)”, disse Zaqout à Al Jazeera.
O Ministério da Saúde egípcio está tentando coordenar a transferência de 36 bebês recém-nascidos junto à Cruz Vermelha, disse o ministro da Saúde egípcio, Khaled Abdel-Ghaffar, à CNN nesta terça-feira (14).
O ministro disse que o Egito tem ambulâncias equipadas com ventiladores portáteis esperando na fronteira para receber os bebês, que poderão ser transferidos imediatamente para os hospitais do país.
Mas, Zaqout reforçou que “o mecanismo (para transferir pacientes para o Egito) é extremamente lento”, alegando que “as listas de pacientes transferidos estão sendo rejeitadas (por Israel)”.
Na quarta-feira (15), o exército israelense disse que os militares entregaram incubadoras e suprimentos médicos ao hospital. A CNN não está no local e não foi capaz de confirmar essa afirmação.
A CNN não conseguiu entrar em contato com o hospital Al-Shifa devido à falta de acesso à comunicação.
OMS “perdeu contato” com a equipe do hospital Al-Shifa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) “perdeu novamente o contato” com a equipe médica do hospital Al-Shifa, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no X.
“Os relatos de incursão militar no hospital Al-Shifa são extremamente preocupantes. Perdemos novamente o contato com os profissionais de saúde. Estamos extremamente preocupados com a segurança deles e de seus pacientes”, disse Ghebreyesus.
Também na quarta-feira (15), a Cruz Vermelha descreveu os relatos ouvidos das pessoas que estão no Al-Shifa como “muito preocupantes”.
“Todas as medidas devem ser tomadas para evitar o impacto de qualquer atividade militar sobre os pacientes, médicos e os civis. Eles são protegidos pelo Direito Internacional Humanitário e devem ser poupados de qualquer perigo”, disse a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Alyona Synenko, à CNN. Synenko também afirmou que o CICV não tem funcionários em Al-Shifa.
Sobre a operação de Israel
Israel disse que o exército lançou uma operação “direcionada” contra o Hamas na manhã de quarta-feira (15), no hospital Al-Shifa. Milhares de pessoas usavam a unidade médica como um abrigo.
As condições no hospital, que ficou sem combustível e já não é considerado operacional, se agravaram rapidamente nos últimos dias. Em meio aos intensos combates, os médicos alertaram para uma situação “catastrófica” para os pacientes, funcionários e pessoas que estavam em abrigo no local.
Nesta quarta-feira (15), Israel acusou novamente o Hamas de usar o grande complexo hospitalar para fins militares. O Hamas nega as acusações – a CNN não pode verificar as alegações de nenhum dos lados.
*Com informações de Clare Sebastian e Mostafa Salem, da CNN