Israel não confirma que bebês foram decapitados pelo Hamas; o que sabemos sobre o caso
Alegações de que crianças foram decapitadas no kibutz de Kfar Aza surgiram, na última terça-feira (10), na mídia israelense
O governo de Israel não confirmou a alegação específica de que os agressores do Hamas cortaram as cabeças de bebês durante o ataque surpresa de sábado (7), disse uma autoridade israelense à CNN, contradizendo uma declaração pública anterior do gabinete do primeiro-ministro.
“Houve casos de militantes do Hamas que cometeram decapitações e outras atrocidades ao estilo do Estado Islâmico. No entanto, não podemos confirmar se as vítimas eram homens ou mulheres, soldados ou civis, adultos ou crianças”, disse o responsável.
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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu indicou que pessoas foram decapitadas pelo Hamas em uma aparição ao lado do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta quinta-feira (12), mas não especificou se eram crianças.
As alegações de que crianças foram decapitadas no kibutz de Kfar Aza surgiram, na última terça-feira (10), na mídia israelense.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) descreveram posteriormente a cena como um “massacre”, em comunicado à CNN. Mulheres, crianças, bebês e idosos foram “brutalmente massacrados no modo de ação do Estado Islâmico”, disseram as FDI.
Tal Heinrich, porta-voz de Netanyahu, disse, na quarta-feira (11), que bebês e crianças pequenas foram encontrados com “cabeças decapitadas” em Kfar Aza.
O presidente dos EUA, Joe Biden, pareceu confirmar essa informação. Em uma mesa redonda com líderes da comunidade judaica na quarta-feira, ele disse: “Tenho feito isso há muito tempo, nunca pensei realmente que veria… fotos confirmadas de terroristas decapitando crianças.”
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Um funcionário do governo dos EUA esclareceu posteriormente os comentários de Biden, dizendo à CNN que nem Biden, nem seus assessores viram fotos ou receberam relatos confirmados de crianças ou bebês decapitados pelo Hamas.
O responsável esclareceu que Biden se referia a comentários públicos de meios de comunicação e autoridades israelitas.
Um porta-voz das FDI, Jonathan Conricus, disse mais tarde naquele dia que os terroristas provavelmente realizaram decapitações de bebês no kibutz de Be’eri.
“Recebemos relatos muito, muito perturbadores, vindos do local, de que havia bebês que tinham sido decapitados. Penso que agora podemos dizer com relativa confiança que, infelizmente, foi isso que aconteceu em Be’eri”, disse ele.
As autoridades israelenses inicialmente evitaram discutir os detalhes de como os seus cidadãos foram mortos. Em vez disso, compararam a brutalidade do Hamas à do Estado Islâmico, o grupo terrorista sunita que decapitou e queimou prisioneiros vivos.
O Hamas negou, na quarta-feira, as acusações. Izzat al-Risheq, um alto funcionário e porta-voz do grupo radical islâmico, disse que a mídia internacional “espalhou mentiras sobre o nosso povo palestino e a resistência, alegando que membros da resistência palestina decapitaram crianças e atacaram mulheres sem nenhuma evidência para apoiar tal afirmações e mentiras”.
A afirmação de Al-Risheq de que o Hamas não atacou mulheres é comprovadamente falsa. Mulheres, crianças e idosos em kibutzim como Kfar Aza e Be’eri foram mortos durante o ataque surpresa.
Vídeos postados online e verificados pela CNN mostram mulheres que participavam do festival de música eletrônica alvo de homens armados do grupo sendo sequestradas.
A CNN se debruçou sobre centenas de horas de mídias publicadas nas redes na tentativa de corroborar relatos de atrocidades cometidas pelo Hamas.
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Em um vídeo, que a CNN determinou ser autêntico, mas não conseguiu localizar geograficamente, um agressor ataca um homem ferido com uma ferramenta de jardim na tentativa de decapitá-lo. Mas a CNN não viu nada que parecesse confirmar as alegações de crianças decapitadas.
A CNN também visitou os destroços e ruínas do kibutz devastado de Kfar Aza na terça-feira (10) e não viu nenhuma evidência de jovens decapitados. As autoridades israelenses também não divulgaram nenhuma fotografia do incidente.
Mas o fato de as autoridades de Israel não terem apoiado a sua afirmação com provas fotográficas não é surpreendente – compartilhar tais imagens seria considerado profundamente insensível.
“Pela dignidade dos mortos, não falamos sobre como estavam”, disse o major Nir Dinar, porta-voz das FDI. “É um bebê morto. Faz diferença se é queimadura ou decapitação?”, completou.