Iraque estima perdas de US$ 150 bilhões por corrupção desde invasão dos EUA
Ao defender lei anticorrupção, presidente Barham Salih diz que valor desviado equivale a quase 15% do total obtido com a venda de petróleo desde 2003
O presidente do Iraque afirmou que US$ 150 bilhões (equivalentes a R$ 801 bilhões), em valores estimados, foram roubados do país por meio de negócios corruptos desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003.
“Dos quase US$ 1 trilhão (R$ 5,34 trilhões) obtidos a partir da venda de petróleo desde 2003, cerca de US$ 150 bilhões em dinheiro roubado foram contrabandeados para fora do Iraque”, disse Barham Salih em um discurso transmitido pela televisão, no domingo (23).
A declaração foi feita enquanto o presidente iraquiano apresentava um projeto de Lei de Recuperação de Fundos Alvos de Corrupção ao Parlamento.
“O projeto de lei visa fortalecer os poderes da nação para recuperar o dinheiro roubado em negócios corruptos, responsabilizar os corruptos e levá-los à Justiça”, disse Salih.
Ele pediu que os legisladores iraquianos discutam e aprovem a legislação “para ajudar a conter este perigoso flagelo que privou o povo de desfrutar da riqueza de seu país por muitos anos”.
Salih disse que o dinheiro roubado seria suficiente para melhorar significativamente as finanças do Iraque.
Segundo o presidente, a legislação buscaria recuperar os recursos desviados por meio da cooperação de outros governos e em parceria com organismos internacionais.
“Aqui, reitero o apelo do Iraque, que emitimos anteriormente na Assembleia-Geral das Nações Unidas, para a formação de uma coalizão internacional para combater a corrupção nos moldes da coalizão internacional contra o ISIS”, disse Salih, se referindo ao combate ao Estado Islâmico (EI).
Salih disse que o desafio da corrupção não é menos perigoso do que o terrorismo. “O terrorismo só pode ser eliminado drenando suas fontes de financiamento, baseadas no dinheiro da corrupção como uma economia política de violência”, acrescentou.
Desde 2019, centenas de pessoas morreram em protestos violentos em todo o Iraque contra a corrupção governamental, o desemprego e a falta de serviços básicos, incluindo eletricidade e água potável, visto que o país não consegue alcançar estabilidade após décadas de sanções e guerra.
O governo norte-americano de Joe Biden está considerando uma eventual retirada das tropas dos EUA do Iraque à medida que as forças de segurança do país se tornam mais capazes e a ameaça do EI diminui, anunciaram os dois países em um comunicado conjunto, em abril.
Os EUA atualmente têm cerca de 2.500 soldados no Iraque concentrados na missão de derrotar o EI como parte da Operação Determinação Inerente, a coalizão global para derrotar o que resta do califado que controlava partes do Iraque e da Síria.
As tropas atualmente realizam tarefas de treinamento e assessoria, “permitindo assim a realocação de quaisquer forças remanescentes do Iraque”, disse o comunicado conjunto de EUA e Iraque.
(Texto traduzido; leia o original em inglês)