Irã sempre buscou guerra indireta com Israel, diz especialista à CNN
Professor Vitelio Brustolin explica que o Irã financiava grupos armados para confrontar Israel indiretamente, mas agora há um confronto direto entre os estados
O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin, em entrevista ao CNN 360°, analisou os ataques aéreos do Irã contra o território israelense, destacando uma mudança significativa na estratégia iraniana.
Segundo Brustolin, o Irã historicamente buscava um conflito indireto com Israel, utilizando grupos armados financiados pelo governo iraniano, como o Hezbollah.
Esta abordagem, conhecida como “guerra nas sombras”, era parte de uma estratégia de longo prazo desenvolvida por lideranças militares iranianas.
O “círculo de fogo” de Israel
O especialista explicou que Israel enfrenta ameaças em várias frentes, as quais denomina de “círculo de fogo” ou “anel de fogo”.
Estas frentes, embora unidas em seu objetivo contra Israel, enfrentam desafios significativos de comunicação e coordenação.
Brustolin destacou que o Hezbollah, por exemplo, tem enfrentado sérios problemas de comunicação devido aos ataques israelenses contra seus sistemas de comunicação.
“O primeiro ataque de Israel foi contra os walkie talkies que o Hezbollah utilizava, porque antes os celulares que o Hezbollah utilizava eram triangulados e lideranças do Hezbollah eram mortas ao atender o telefone”, explicou o professor.
Da guerra indireta ao confronto direto
O pesquisador observou uma mudança crucial na dinâmica do conflito: “A intenção do Irã sempre foi de uma guerra nas sombras, uma guerra indireta dos seus grupos proxis financiados pelo Irã. Isso é uma estratégia que, inclusive, foi levada à frente por um general iraniano, que foi morto pelos Estados Unidos há cerca de quatro anos”.
No entanto, Brustolin ressaltou que a situação atual representa uma escalada significativa: “Agora nós vemos o resultado disso, mas chegou a um ponto que está vendo nesse momento um confronto direto entre estados e não mais uma guerra indireta com os grupos financiados pelo Irã”.
Esta transição de uma guerra indireta para um confronto direto entre estados marca uma nova e preocupante fase no conflito entre Irã e Israel, com potenciais implicações para toda a região do Oriente Médio.