Irã liberta 5 norte-americanos presos no país após acordo com os EUA
Governo norte-americano garantiu o descongelamento de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões) em fundos iranianos
Cinco norte-americanos que estavam presos no Irã foram libertos e estão num voo para fora do país, disse à CNN uma autoridade do Catar informada sobre o assunto nesta segunda-feira (18).
A medida é parte de um acordo mais amplo que inclui o descongelamento de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões) em fundos iranianos pelos EUA. O governo norte-americano classificou os cinco americanos como detidos injustamente.
Eles estão sendo transportados em um jato do governo do Catar para Doha. Dois familiares dos detidos também estão a bordo, juntamente com o embaixador do Catar no Irã.
A libertação dos norte-americanos põe fim a um pesadelo de anos para aqueles que foram detidos.
Três dos que se acredita fazerem parte do acordo – Emad Shargi, Morad Tahbaz e Siamak Namazi – estavam todos presos há mais de cinco anos. Namazi estava detido desde 2015. As identidades dos outros dois norte-americanos não são conhecidas publicamente.
A libertação representa um avanço diplomático significativo após anos de complicadas negociações indiretas entre Washington e Teerã.
Este é o mais recente acordo de alto nível negociado pela administração Biden para garantir a libertação de norte-americanos considerados injustamente detidos no exterior após a libertação de norte-americanos da Rússia e da Venezuela.
Nos termos do acordo entre os EUA e o Irã, US$ 6 bilhões em fundos iranianos que haviam sido mantidos em contas restritas na Coreia do Sul foram transferidos para contas restritas em bancos no Catar.
Autoridades iranianas e norte-americanas foram notificadas pelo Catar nesta segunda-feira de que a transferência havia ocorrido, segundo uma fonte informada sobre os detalhes do assunto.
Fontes disseram à CNN que os fundos vieram de vendas de petróleo que foram permitidas e colocadas em contas abertas durante a administração do ex-presidente Donald Trump.
Funcionários da administração Biden sublinharam que os fundos transferidos para as contas no Catar só poderão ser utilizados pelo Irã para compras humanitárias e cada transação será monitorizada pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
O acordo, que já suscitou críticas dos republicanos, envolve também a libertação de cinco iranianos sob custódia dos EUA.
Os contornos gerais do protesto pela libertação começaram a cristalizar-se em Doha há cerca de sete meses, após anos de negociações indiretas.
As primeiras medidas públicas tangíveis no âmbito do acordo ocorreram há cerca de cinco semanas, quando quatro dos norte-americanos foram transferidos para prisão domiciliária. O quinto deles já estava em prisão domiciliar.
Como resultado, os EUA tiveram de seguir caminhos indiretos, contando com parceiros no Médio Oriente e na Europa, incluindo o Catar, Omã, o Reino Unido e a Suíça, todos os quais serviram como interlocutores para os dois lados ao longo das negociações.
Foi o Catar quem serviu como principal intermediário para o acordo final, uma vez que os negociadores iranianos e norte-americanos se reuniam em hotéis separados – à vista um do outro – em Doha, enquanto os diplomatas do Catar iam e vinham e os detalhes eram acertados.
Nas semanas que se seguiram à transferência para prisão domiciliária, as autoridades norte-americanas destacaram que as discussões finais eram contínuas e sensíveis.
Namazi tem dupla cidadania iraniana-americana. O seu pai, Baquer Namazi, foi liberto para receber tratamento médico em outubro de 2022, após mais de seis anos de detenção no Irã.
Shargi, um empresário, e Tahbaz, um ambientalista, foram presos pela primeira vez em 2018. Eles também têm dupla cidadania iraniana e norte-americana.
Em março, durante entrevista à CNN, a partir do interior da prisão de Evin, Namazi fez um apelo emocionado ao presidente Joe Biden para colocar a “liberdade dos norte-americanos inocentes acima da política” e intensificar os esforços para garantir a sua libertação.
A família de Namazi, bem como as famílias Shargi e Tahbaz, fizeram apelos urgentes à administração Biden para intensificar os esforços para trazer os seus entes queridos para casa.