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    Irã elege novo presidente nesta sexta com previsão de abstenção recorde

    Favoritos são chefe do Judiciário Ebrahiam Raisi e ex-administrador do Banco Central Abdolnaser Hemmati

    Da CNN, em São Paulo*

    O Irã vai às urnas nesta sexta-feira (17) escolher um novo presidente, numa eleição que está prevista para atingir abstenção recorde. Pesquisas de opinião apontam que a participação pode cair a até 41%, dadas a crise econômica e a frustração com o governo linha dura.

    O chefe do Judiciário Ebrahim Raisi é o grande favorito, em uma disputa que deverá consolidar a força dos ultraconservadores no poder, após oito anos da presidência do moderado Hassan Rouhani. Raisi já era o nome preferido do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, desde 2017, quando disputou o cargo contra Rouhani e acabou derrotado, para a surpresa dos setores conservadores.

    Contra ele, está o ex-presidente do Banco Central, o moderado Abdolnaser Hemmati. Vários outros candidatos proeminentes desistiram ou foram desqualificados pelo Conselho dos Guardiães, órgão do sistema político iraniano que avalia se as leis estão de acordo com a Constituição e a sharia (lei islâmica). 

    O atual presidente Rouhani pediu aos iranianos que vão às urnas e não permitam que as “falhas de uma instituição ou grupo” faça com que eles deixem de votar, em uma aparente referência ao Conselho dos Guardiães.

    “Vamos não pensar nas nossas indignações amanhã”, disse Rouhani em um pronunciamento na televisão nesta quinta-feira (17).

    Além da raiva gerada pela desqualificação de candidatos moderados, as indignações incluem a crise econômica exacerbada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos, além de corrupção, má administração e repressão dura sobre os protestos de 2019, gerados pelo aumento nos preços dos combustíveis. 

    "Vacinas estrangeiras são uma necessidade", diz o presidente do Irã, Hassan Rouh
    “Vamos não pensar nas nossas indignações amanhã”, diz o presidente do Irã, Hassan Rouhani
    Foto: Divulgação

    A derrubada de um avião ucraniano no Irã em janeiro do ano passado, que matou 176 pessoas, também minou a confiança do público. 

    “Votar seria um insulto à minha inteligência”, disse Fatemeh, de 55 anos, negando-se a dizer o sobrenome por medo de represália. “Raisi já foi selecionado para o governo, independentemente de quem nós votaremos”. 

    Dissidentes notáveis dentro e fora do país pediram aos iranianos que boicotem a eleição, incluindo o príncipe herdeiro Reza Palahvi, que está no exílio, e o líder da oposição Mirhossein Mousavi, em prisão domiciliar desde 2011. 

    Por outro lado, vários reformistas fizeram campanha para Hemmati, incluindo o ex-presidente Mohammad Khatami, argumentando que um boicote em massa garantiria a vitória de Raisi. 

    Sob a Constituição iraniana, o líder supremo, com mandato vitalício e responsável por escolher seis dos 12 membros do Conselho dos Guardiães, tem o maior poder de Estado. O aiatolá Khamenei tem a palavra final sobre todos os assuntos do governo e define as políticas internacionais e nucleares do país. 

    O novo presidente não impactaria no diálogo entre Teerã e Washington para reestabelecer o acordo nuclear iraniano de 2015, disse o negociador principal do Irã, o ministro interino do Exterior Abbas Araqchi, à agência Al Jazeera nesta quinta. 

    As urnas serão abertas às 7h no horário local (0h no horário de Brasília) e fecham às 2h do sábado (19h da sexta-feira no horário de Brasília). O ministro do interior disse à TV estatal que, devido à pandemia, a votação acontecerá em locais abertos, em 67 mil postos em todo o país, com distanciamento social e distribuição de máscaras. Os eleitores também devem levar as próprias canetas. 

    (*Com informações da Reuters)

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