Indiciamento de Maduro nos EUA é bem recebido pelo governo brasileiro
Posição do Brasil contra presidente da Venezuela e a favor do líder oposicionista Juan Guaidó é uma das bases da aproximação entre os governos dos dois países
Integrantes do governo brasileiro receberam como uma boa notícia o indiciamento pelos Estados Unidos do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e outros integrantes da cúpula do regime venezuelano por narcoterrorismo, disse à CNN uma fonte diplomática com conhecimento direto do assunto.
No começo do mês, durante viagem do presidente Jair Bolsonaro ao país norte-americano, a diplomacia brasileira já havia recebido uma sinalização da Casa Branca de que uma medida contundente estava sendo preparada pelo governo do presidente Donald Trump contra o mandatário chavista.
Washington também ofereceu uma recompensa de até US$ 15 milhões (R$ 75 milhões, na cotação atual) por informações que levem à prisão do mandatário e US$ 10 milhões (R$ 50 milhões) para a detenção de aliados próximos, como Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte da Venezuela, controlada pelo chavismo.
Três fontes na diplomacia brasileira ouvidas pela CNN relatam que a posição firme do Brasil de oposição a Nicolás Maduro e apoio a Juan Guaidó, presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição, é um ingrediente importante do que integrantes do Itamaraty descrevem como “momento especial” nas relações entre Washington e Brasília.
Pelo Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que esteve nos Estados Unidos com a comitiva presidencial, parabenizou o presidente Donald Trump pelo indiciamento de Nicolás Maduro, descrito por ele “ditador comunista”. No ano passado, Eduardo presidiu a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e foi cogitado pelo presidente Jair Boslonaro para ser o embaixador do Brasil em Washington.
Entre as decisões do governo Bolsonaro aplaudidas pelo Departamento de Estado estão as sanções aplicadas pelo Itamaraty e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública contra 130 altos funcionários do regime venezuelano, proibidos de entrar no Brasil. Às vésperas da viagem de Bolsonaro aos EUA, no início do mês, os americanos também comemoraram a decisão do MRE de retirar diplomatas brasileiros da embaixada em Caracas.
“Como as duas maiores democracias do hemisfério, estamos aprofundando nossa cooperação para promover os direitos humanos e a democracia em toda a região”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus. “Os Estados Unidos aplaudem o Brasil por sua liderança no apoio à restauração da democracia e ao fim da crise humanitária na Venezuela”, acrescentou.
Após o encontro entre Trump e Bolsonaro, no começo do mês, os dois presidentes “reiteraram o apoio de seus países à democracia na região, incluindo apoio ao presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, e à Assembleia Nacional da Venezuela democraticamente eleita, em seu trabalho para restaurar a ordem constitucional na Venezuela”. A declaração foi dada em um comunicado conjunto do Planalto e da Casa Branca.
O Departamento de Estado tem ainda outras armas em seu arsenal contra Nicolás Maduro. Entre elas, estaria a designação da Venezuela como um estado que patrocina o terrorismo, o que autoriza o governo americano a adotar sanções mais duras. Atualmente, essa lista conta com a Síria, Sudão, Irã e Coreia do Norte.