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    Índia proíbe exportação de trigo para evitar disparada de preços locais

    País é o segundo maior exportador do alimento no mundo

    Rajendra JadhavMayank Bhardwajda Reuters

    A Índia proibiu as exportações de trigo com efeito imediato, disse o governo em uma notificação nesta sexta-feira (14). O país é o segundo maior produtor de trigo do mundo, e tenta diminuir preços locais do produto.

    Os embarques do alimento serão permitidos para cartas de crédito que já foram emitidas, complementou a administração do país.

    Os compradores globais estavam apostando na Índia para o fornecimento de trigo depois que as exportações da região do Mar Negro caíram desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no final de fevereiro.

    A proibição pode elevar os preços globais para novos picos e atingir consumidores pobres na Ásia e na África.

    “A proibição é chocante”, disse um negociante de Mumbai de uma empresa de comércio global. “Estávamos esperando cortes nas exportações depois de dois a três meses, mas parece que os números da inflação mudaram a mente do governo”, ponderou.

    O aumento dos preços de alimentos e energia empurrou a inflação anual no varejo da Índia para a maior alta de oito anos em abril, fortalecendo a visão dos economistas de que o banco central teria que aumentar as taxas de juros de forma mais agressiva para conter os preços.

    Os preços do trigo na Índia subiram para um recorde, em alguns mercados à vista, chegando a 25.000 rúpias (R$ 1.632) por tonelada, contra o preço mínimo de suporte fixo do governo de 20.150 rúpias (R$ 1.315).

    Tamanho de corte inferior

    No início desta semana, a Índia delineou sua meta recorde de exportação para o ano fiscal de 2022/23, que começou em 1º de abril, acrescentando que enviaria delegações comerciais a países como Marrocos, Tunísia, Indonésia e Filipinas para explorar maneiras de aumentar ainda mais os embarques.

    Porém, um aumento acentuado e repentino nas temperaturas em meados de março pode fazer com que o tamanho da safra seja menor do que o esperado em cerca de 100 milhões de toneladas ou até mais, afirmou um revendedor de Nova Délhi de uma empresa de comércio global.

    “As compras do governo caíram mais de 50%. Os mercados estão recebendo muito menos oferta do que no ano passado. Todas essas coisas estão indicando uma safra menor”, destacou o revendedor.

    Aproveitando a alta nos preços globais do trigo depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, a Índia exportou um recorde de 7 milhões de toneladas de trigo no ano fiscal até março, um crescimento de mais de 250% em relação ao ano anterior.

    “O aumento no preço do trigo foi bastante moderado, e os preços indianos ainda estão substancialmente mais baixos do que os preços globais”, disse Rajesh Paharia Jain, trader de Nova Délhi.

    “Na verdade, os preços do trigo em algumas partes do país saltaram para o nível atual mesmo no ano passado, então a medida para proibir a exportação não passa de uma reação instintiva”, acrescentou.

    Em abril, a Índia exportou um recorde de 1,4 milhão de toneladas de trigo e já foram assinados acordos para exportar cerca de 1,5 milhão de toneladas em maio.

    “A proibição na Índia elevará os preços globais do trigo. No momento, não há um grande fornecedor no mercado”, disse outro negociante.