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    Imagem do Brasil não mudou na COP26, diz especialista da Rainforest Foundation

    À CNN, Carlos Ritt destacou mensagem da Plenária do Povo: "O nosso tempo está se esgotando assim como a nossa paciência"

    Vinícius Tadeuda CNN*

    em São Paulo

    Um novo rascunho da Cúpula do Clima (COP26) está sendo discutido neste sábado (13) em Glasgow, na Escócia. Estes são os momentos finais da discussão que irá definir as metas dos países em relação às medidas para conter os avanços das mudanças climáticas. Eliminação do desmatamento e das emissões de metano foram pautas trazidas pelos líderes no começo dos encontros, bem como o financiamento de comunidades locais. O terceiro rascunho divulgado atenuou algumas medidas, como a que se refere a eliminação do uso do carvão e o fim dos subsídios para os combustíveis fósseis.

    Em entrevista à CNN, o especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation, Carlos Rittl, observou que as falas das autoridades brasileiras em relação a eliminação do desmatamento ilegal, além das propostas que tentavam provar uma mudança de posição do governo em relação a preservação, não foram suficientes para reposicionar o Brasil na COP26.

    “Todas as mensagens que o governo federal tentou trazer para a COP dizendo que ‘estamos comprometidos’, ‘mudamos de posição’, ‘vamos conseguir eliminar o desmatamento até 2028’ – anunciada pelo ministro de Meio Ambiente – são completamente contraditórios com aquilo que está acontecendo na própria floresta, com o próprio desmatamento e, também, com aquilo que é a agenda do governo no Congresso Nacional”.

    Carlos cita, por exemplo, a abertura de terras indígenas para a mineração, a legalização da grilagem e o enfraquecimento de regras de licenciamento ambiental. Ele diz ainda que as contradições entre a apresentação do Brasil e a realidade “ficaram muito evidentes”.

    “A imagem do país não mudou. Apesar de um esforço enorme que o governo fez de comunicação e de tentar dizer que temos um programa de crescimento verde, mas a agenda e a realidade [são outras], os satélites não mentem“, disse.

    Carlos Rittl trouxe o dado de que ao final de três anos de mandato do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil perdeu 30 mil km² de florestas na Amazônia. “Uma área maior que a Bélgica em três anos. Maior que o estado de Alagoas, maior que a área do estado do Sergipe”, compara.

    Para o especialista, a COP26 corre o risco de se encerrar em “um grande sentimento de frustração”. Segundo ele, enquanto os ativistas e as organizações de apoio ao meio-ambiente colocam pressão e cobram por melhorias no rascunho, apesar dos avanços, “o texto continua com uma distância muito significativa em relação àquilo que foi prometido e que é obrigação dos países reunidos.” Ele defende: “O mandato é: ‘Temos que dar resposta à ciência, às pessoas e diminuir os riscos de todos nós em relação às mudanças climáticas.”

    Na sexta-feira (12), aconteceu a Plenária do Povo. O especialista acompanhou o que foi colocado, bem como as manifestações que ocorreram em frente ao centro de conferência. “Esta plenária é realizada numa sala formal de negociação e a mensagem era a seguinte: ‘O nosso tempo está se esgotando assim como a nossa paciência’”.

    De acordo com o especialista, as grandes declarações de líderes mundiais no início da conferência foram anúncios feitos sem um caminho traçado de como seguir adiante. Portanto, a fiscalização e cobrança da povo é essencial, ele pontua.

    “Logo após essa plenária, as organizações continuaram aqui pressionando os governos para conseguir mudar um pouco o que vai estar no texto e que passa a ser a regra. Se você define regras ou um caminho frouxo, a gente não consegue melhorar muito a situação de crise do clima do planeta”, conclui.