Homem mata criança de 6 anos e fere sua mãe por eles serem muçulmanos, diz polícia
Vítimas foram encontradas em um quarto, cada uma com “múltiplas facadas”
Um senhorio de Illinois, nos Estados Unidos, foi preso e acusado de homicídio e crimes de ódio depois de as autoridades terem dito que ele esfaqueou e matou um menino de 6 anos e feriu gravemente a sua mãe, alegadamente porque os inquilinos são muçulmanos.
Joseph M. Czuba, 71, foi acusado de homicídio em primeiro grau, tentativa de homicídio em primeiro grau, duas acusações de crime de ódio e agressão agravada com arma mortal, disse o Gabinete do Xerife do Condado de Will, no estado de Illinois, em um comunicado à imprensa.
O gabinete do xerife disse que Czuba não fez declarações aos detetives, mas os investigadores determinaram que as vítimas foram “alvo do suspeito por serem muçulmanos e pelo conflito em curso no Oriente Médio envolvendo o Hamas e os israelenses”.
As autoridades foram chamadas à residência pouco antes do meio-dia de sábado (14) depois que uma mulher ligar para a emergência dizendo que seu senhorio a havia atacado, de acordo com o gabinete do xerife.
Quando os policiais chegaram, encontraram Czuba sentado no chão, perto da entrada da casa, disse o comunicado. As duas vítimas foram encontradas em um quarto, cada uma com “múltiplas facadas”, e foram levadas ao hospital, segundo o comunicado.
- O menino foi esfaqueado 26 vezes e sucumbiu aos ferimentos, disse o gabinete do xerife.
- A mulher de 32 anos, que sofreu mais de uma dúzia de facadas, está se recuperando no hospital.
O escritório de Chicago do Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR, na sigla em inglês) identificou as vítimas num comunicado à imprensa como Hanaan Shahin e seu filho, Wadea Al-Fayoume.
A família morava no térreo da casa havia dois anos sem “problemas anteriores notáveis” com Czuba, disse o CAIR.
Mas, em mensagens de texto do hospital para o pai do menino após o ataque, Shahin disse que o proprietário “bateu na porta deles e, quando ela abriu, ele tentou sufocá-la e começou a atacá-la com uma faca, gritando: ‘vocês, muçulmanos, devem morrer’”, de acordo com a declaração do CAIR.
O governador de Illinois, JB Pritzker, disse em um comunicado: “Tirar a vida de uma criança de seis anos em nome da intolerância é nada menos que o mal”.
“Todos os habitantes de Illinois – incluindo os nossos vizinhos muçulmanos, judeus e palestinianos – merecem viver livres da ameaça de tal mal”, disse o governador. “Hoje, MK e eu nos juntamos aos nossos irmãos e irmãs muçulmanos e palestinos no luto por esta perda trágica e na oração pela recuperação da mãe de Wadea”. “Que a memória de Wadea Al-Fayoume seja uma bênção.”
Uma criança que acabava de comemorar seu aniversário
Wadea comemorou seu aniversário pouco antes de sua morte, disse Ahmed Rehab, diretor executivo do CAIR-Chicago, em entrevista coletiva no domingo.
“Ele era um menino de 6 anos, adorava tudo”, disse Rehab sobre a criança, lembrando como o pai de Wadea o descreveu.
“Ele amava todo mundo, amava seus brinquedos, adorava qualquer coisa como bola, basquete, futebol, adorava colorir, adorava se balançar, amava seus pais, amava sua família e seus amigos, amava a vida e ele estava ansioso por uma vida longa, saudável e próspera”, acrescentou durante a entrevista coletiva.
“Ele não tem ideia sobre esses problemas maiores que estão acontecendo no mundo, mas foi obrigado a pagar por isso”, acrescentou Rehab.
A mãe e o pai de Wadea se mudaram para os Estados Unidos há 12 e 9 anos, respectivamente, e o filho deles nasceu aqui, acrescentou Rehab. Eles eram de uma aldeia na Cisjordânia, disse.
Em uma declaração no X, antigo Twitter, o CAIR escreveu que ficou “chocado e perturbado” ao saber da morte do menino e disse: “A retórica islamofóbica e o racismo anti-palestino estão sendo espalhados por políticos, meios de comunicação e plataformas de mídia social deve parar”
Czuba foi transportado para o Centro de Detenção de Adultos do Condado de Will e está aguardando seu primeiro comparecimento ao tribunal, de acordo com o gabinete do xerife. Não está claro se ele tem um advogado.
*Christina Maxouris, da CNN, contribuiu para este texto
