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    Guerra no Oriente Médio acirra focos de tensão entre potências militares, segundo especialistas

    Avaliação é de que uma tentativa da China de tomar Taiwan seria um desafio também aos EUA

    Bandeiras de Israel são hasteadas em tanques de guerra
    Bandeiras de Israel são hasteadas em tanques de guerra Reuters

    Rafael SaldanhaAna Beatriz Diasda CNN*

    A escalada da guerra no Oriente Médio colocou em evidência também a atuação de Estados Unidos, China e Rússia. Potências militares que têm se colocado de lados opostos no conflito.

    Os americanos, desde o início, apoiaram a ofensiva israelense na Faixa de Gaza e defendem no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que garanta o direito de autodefesa de Israel, sem exigências de cessar-fogo.

    Até agora quatro resoluções fracassaram. Neste cenário, a China assume a Presidência rotativa do Conselho, no lugar do Brasil, e tenta se posicionar como pacificadora, apesar de especialistas acreditarem ser pouco provável uma solução diplomática. O que está em jogo também são as movimentações militares destes países em outras frentes.

    A China voltou a alertar, nesta semana, que “não mostrará misericórdia” contra qualquer movimento a favor de Taiwan, a ilha autônoma que o Partido Comunista da China, no poder, reivindica como sua. A declaração aconteceu durante um fórum de segurança promovido pelo país.

    Em seu discurso, o principal oficial militar do Partido Comunista, general Zhang Youxia, fez críticas veladas aos Estados Unidos, que estavam presentes. Pequim cortou o diálogo militar de alto nível com Washington em agosto passado, em retaliação a uma visita da então presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan.

    Os chineses mantêm, constantemente, navios de guerra próximos à ilha como uma demonstração de força e atacam tentativas de interferência, como a venda de armas pelo governo de Joe Biden a Taiwan.

    Para Carlos Gustavo Poggio, professor do departamento de ciência política da Universidade de Berea, nos Estados Unidos, a tensão geopolítica entre China e Estados Unidos é a principal questão das relações internacionais do século XXI. “Estamos de volta a um momento de atritos entre grandes potências e uma guerra na região pode ser ainda mais ampla”.

    Poggio afirma que “é possível que um conflito na região de Taiwan esteja no começo”.

    “Caso a China tome alguma atitude no mar do sul do país e os norte-americanos não reajam, pode causar uma perda de credibilidade internacional, além de uma crise política interna, visto que o congresso norte-americano é muito forte na defesa por Taiwan”, afirma Poggio.

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    Um potencial encontro entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente americano, Joe Biden, nos Estados Unidos, no próximo mês, é visto pelos dois lados como uma oportunidade importante para estabilizar os laços.

    O porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Wu Qian, disse em uma entrevista de imprensa na semana passada que as autoridades chinesas “teriam intercâmbios” com a delegação dos EUA.

    “A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações militares entre a China e os Estados Unidos”, disse Wu, acrescentando que esperava uma “atmosfera favorável para o desenvolvimento saudável e estável” das suas relações militares, segundo a mídia estatal.

    Fausto Godoy, embaixador aposentado, que serviu em onze países asiáticos, incluindo a China, e trabalhou no escritório comercial do Brasil em Taiwan, alerta para a gravidade que um possível conflito teria na ordem mundial.

    “Os ocidentais estão brincando com fogo, Taiwan faz parte da alma chinesa e o resgate de Taiwan é muito importante para a China”, menciona.

    “É preciso que o continente e Taiwan negociem. É preciso usar esse caminho para continuar conversando o que deveria ter sido resolvido em 1949. É um legado que vem sendo carregado desde então e precisa ser administrado, até ser resolvido”, completa.

    Apesar de uma possível escalada nas tensões, o professor visitante da Universidade de Relações Exteriores da China, Marcus Vinícius de Freitas, pondera que uma ação militar na região não interessa aos chineses neste momento.

    “Em primeiro lugar, a China quer evitar uma colisão internacional, considerando as alianças diplomáticas dos EUA, o que causaria uma deterioração na economia chinesa. Além disso, os chineses possuem uma visão de longo prazo sobre o Taiwan. A perspectiva é de que, naturalmente, Taiwan voltará a fazer parte de uma China continental, assim como aconteceu com Hong Kong e Macau”.

    Marcus Vinicius, no entanto, destaca que os chineses querem o domínio do território. “Por isso, os chineses não abrem mão do controle na região e da soberania sobre Taiwan. Em caso de uma escalada do conflito, o governo chinês buscaria, em primeiro lugar, o multilateralismo. Mas o instrumento militar poderia ser utilizado”, afirma o professor.

    * Com informações da CNN Internacional