Guarda costeira da China apreende barco pesqueiro de Taiwan
Pequim acusa pescadores de violarem regras marítimas; Taiwan chama caso da "manipulação política"
A guarda costeira chinesa deteve um navio pesqueiro taiwanês nas águas da costa sudeste da China na noite de terça-feira (2), no mais recente agravamento das tensões em torno de um grupo de ilhas da linha de frente controladas por Taipé.
Num comunicado, a guarda costeira de Taiwan disse que o barco de pesca, Tachinman 88, foi interceptado por dois navios da guarda costeira chinesa perto das ilhas Kinmen, que ficam a poucos quilômetros das cidades chinesas de Xiamen e Quanzhou. Todos os cinco tripulantes também foram detidos, segundo as autoridades de Taiwan.
Oficiais da guarda costeira chinesa embarcaram no barco de pesca e depois o escoltaram até um porto chinês próximo, disse o comunicado taiwanês, acrescentando que três navios da guarda costeira de Taiwan responderam a um pedido de ajuda, mas recuaram para evitar conflitos quando foram superados em número pelos seus homólogos chineses.
A guarda costeira da China confirmou que deteve o barco, afirmando num comunicado nesta quarta-feira (3) que a sua divisão de Fujian “abordou, inspecionou e deteve legalmente um navio de pesca taiwanês suspeito de pesca ilegal nas águas perto de Quanzhou”.
O porta-voz da guarda costeira da China, Liu Dejun, acusou o barco taiwanês de violar uma moratória de pesca de verão ao usar redes numa área proibida e com malhas muito inferiores aos requisitos mínimos nacionais da China, “prejudicando assim os recursos pesqueiros marinhos e o ambiente ecológico”.
A declaração chinesa não mencionou a situação dos tripulantes.
O Partido Comunista da China, no poder, reivindica Taiwan como seu território, apesar de nunca o ter controlado, e prometeu unificar-se com a ilha, pela força, se necessário.
Pequim intensificou a pressão sobre Taipé desde que o presidente Lai Ching-te, que a China chama abertamente de “separatista perigoso”, conquistou em janeiro o Partido Democrático Progressista, que governa a ilha, um histórico terceiro mandato consecutivo no poder.
Entretanto, as tensões continuam elevadas nas águas em torno de Kinmen, um grupo de ilhas periféricas controladas por Taiwan, mas situadas a poucos passos da costa da China.
Numa coletiva de imprensa nesta quarta-feira, um alto funcionário marítimo de Taiwan disse que o navio taiwanês foi detido no meio de uma proibição anual de pesca de verão implementada pela China em maio.
Dois tripulantes taiwaneses e três indonésios foram detidos enquanto o barco operava a 11,2 milhas náuticas da costa continental, nas águas territoriais da China, disse Hsieh Ching-chin, vice-diretor-geral da Administração da Guarda Costeira de Taiwan.
A guarda costeira de Taiwan exigiu a libertação imediata do barco e da tripulação.
“A Administração da Guarda Costeira apela à China para que não se envolva em manipulação política, que prejudica as relações através do Estreito, e que liberte imediatamente o navio Tachinman 88 e a sua tripulação”, afirmou o comunicado taiwanês.
A guarda costeira da China aumentou as patrulhas nas águas ao redor de Kinmen e outras ilhas remotas controladas por Taiwan desde fevereiro, quando dois pescadores chineses se afogaram enquanto eram perseguidos pela guarda costeira de Taiwan, que os acusou de invasão.
No final de fevereiro, agentes da guarda costeira chinesa interceptaram e embarcaram num barco turístico taiwanês para inspeção, um movimento sem precedentes que assustou os passageiros taiwaneses.
O legislador taiwanês Chen Yu-jen, que representa Kinmen no partido de oposição de Taiwan, Kuomintang, disse que, desde então, os pescadores nas ilhas tiveram o cuidado de não cruzar as águas territoriais da China devido às patrulhas da guarda costeira chinesa.
“Ambos os lados do Estreito de Taiwan não têm atualmente uma relação calorosa, por isso devemos ter mais cuidado ao permanecer dentro das nossas próprias águas”, disse ela à CNN nestaa quarta-feira.
“No passado, a guarda costeira costumava expulsar os navios de pesca que atravessavam a fronteira marítima, mas agora está fazendo cumprir a lei com rigor.”
