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    Governo teme que embarque do Hezbollah agrave conflito e aumente tensão na região, dizem fontes

    Centenas de foguetes foram disparados da Faixa de Gaza e do sul do Líbano contra a cidade israelense de Ashkelon na manhã desta terça

    Teo Curyda CNN

    em Brasília

    O governo brasileiro acompanha com preocupação o embarque do Hezbollah, organização militante xiita libanesa, no conflito entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas.

    A avaliação de uma fonte do governo, ouvida em caráter reservado pela CNN, é a de que, se isso acontecer, o Líbano — e não apenas o Hezbollah, que controla o sul do país — pode passar a ser um alvo de Israel, aumentando a tensão na região.

    Na manhã desta terça-feira (10), final da tarde no horário local, centenas de foguetes foram disparados da Faixa de Gaza e do sul do Líbano contra a cidade israelense de Ashkelon.

    Não só o Líbano, mas também o Irã pode passar a ser um ator no conflito entre Israel e Hamas, tensionando ainda mais a relação entre os países da região.

    Teerã, que elogiou a operação de sábado (7), negou envolvimento. A missão do Irã nas Nações Unidas emitiu um comunicado chamando o ataque de “fortemente autônomo e inabalavelmente alinhado com os interesses legítimos do povo palestino”.

    O vice-conselheiro de segurança nacional, Jon Finer, reiterou na segunda-feira que os Estados Unidos acreditam que o Irã é “amplamente cúmplice” nos ataques do Hamas em Israel, mas disse que os EUA não têm “informações diretas” que vinculem esses ataques ao Irã neste momento.

    “O que podemos ser bastante claros é que o Irã é amplamente cúmplice nesses ataques por apoiar o Hamas há décadas”, disse Finer, apontando para armas, treinamento e outro apoio financeiro.

    “O que não temos são informações diretas que mostrem o envolvimento iraniano na ordenação ou planejamento dos ataques que ocorreram nos últimos dias. É algo que vamos continuar examinando de perto”, afirmou.

    Israel diz que o Irã apoia o Hamas com cerca de US$ 100 milhões por ano (cerca de R$ 513 milhões). O Departamento de Estado dos EUA disse em 2021 que o grupo recebe financiamento, armas e treinamento do Irã, bem como alguns fundos arrecadados em países árabes do Golfo.

    Uma ala do governo brasileiro avalia que a política de isolamento e de imposição de sanções obriga países como o Irã a manter a opção da força sobre a mesa. Isso faz com que nações sob essas condições encontrem pares descontentes que vão se aliar para brigar por inimigos em comum.

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    Repatriação e diálogo

    O governo tem como prioridade número 1 neste momento a repatriação dos brasileiros que estão na região. Até a noite de segunda-feira, 2,2 mil pessoas procuraram a embaixada do país em Israel para expressar o desejo de retornar ao Brasil.

    Dos aproximadamente 40 brasileiros na Faixa de Gaza, o Escritório de Representação do Brasil em Ramala identificou 25 interessados em voltar ao país.

    A primeira aeronave com 211 brasileiros chega a Brasília na madrugada desta quarta-feira (11). A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que até domingo a expectativa é de que 900 brasileiros estejam de volta ao país. É a maior operação de repatriação da história da FAB.

    Outra prioridade do governo é buscar o diálogo político e trazer para a conversa os atores envolvidos no conflito. A convocação da reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas no domingo foi o pontapé inicial dessa mobilização do governo, que preside temporariamente o órgão.

    A hora, na avaliação dessa fonte ouvida pela CNN, é de ouvir esses atores para mapear o conjunto de posições apresentadas para, em um segundo momento, oferecer uma saída que mostre que a contenção pode ajudar a costurar um acordo. Para o governo, a solução militar não dará certo e vai apenas agravar a situação.

    Processo de paz

    Em entrevista à CNN na segunda-feira, o chefe da assessoria internacional da Presidência da República, Celso Amorim, disse não ver chances de retomada do processo de paz entre Israel e Palestina no curto prazo.

    Amorim condenou os ataques a Israel, mas também chamou atenção para a postura do governo Benjamin Netanyahu nos últimos anos.

    “Quando a esperança [em um processo de paz] desaparece, o desespero acaba prevalecendo”, disse, em referência a políticas do governo Netanyahu em Israel, como a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia.

    “Não diminui em absolutamente nada a agressão [contra Israel], obviamente vamos condenar ações contra civis, mas é preciso levar em conta que, enquanto os palestinos tinham alguma esperança na paz, não ocorreu. Não podemos ver isso como um fato isolado”.

    Para Amorim, o mais relevante neste momento é conclamar à autocontenção, para evitar uma escalada no conflito. “Os países da região precisam atuar diretamente nesse exercício de exortar à autocontenção”.

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