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    Governo Biden passa a fornecer armamento pesado para Ucrânia; entenda motivos

    Com a mudança de foco da Rússia, aliados ocidentais ampliam auxílio sem se preocupar com resposta do Kremlin

    Jeremy HerbKaitlan CollinsOren Liebermannda CNN

    Pela primeira vez desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, os Estados Unidos estão fornecendo a Kiev os tipos de armamentos de alta potência que alguns funcionários do governo Biden consideraram um risco muito grande algumas semanas atrás.

    A lista de US$ 800 milhões é impulsionada não apenas por pedidos diretos da Ucrânia, mas também em preparação para uma nova luta no sudeste do país, bem próximo à Rússia, terreno que oferece vantagens militares naturais às forças russas.

    O novo pacote de armas representa o sinal mais forte até o momento de que a guerra na Ucrânia está mudando – e assim as armas que a Ucrânia precisará para combater o exército russo, que se reagrupou e reabasteceu após seus fracassos iniciais nas primeiras semanas de guerra.

    O governo Biden anunciou que o novo pacote incluí 11 helicópteros Mi-17 que haviam sido inicialmente destinados ao Afeganistão, 18 canhões Howitzer de 155 mm e mais 300 drones Switchblade, além de sistemas de radar.

    Este conjunto se destaca da assistência de segurança anterior em parte porque inclui armamento mais sofisticado e mais pesado. Um funcionário dos EUA disse à CNN que isso foi planejado, argumentando que, como a Rússia mudou sua estratégia para concentrar forças no leste da Ucrânia, os EUA estão mudando sua própria estratégia.

    “Os contornos do que eles precisam são muito diferentes”, disse o funcionário.

    O pacote recém-autorizado foi anunciado dias depois que o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan e o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, passaram mais de duas horas ao telefone com seus colegas ucranianos.

    O secretário da Defesa, Lloyd Austin, também conversou com o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, duas vezes na semana passada. Reznikov deu uma atualização da situação no terreno, o que permitiu a Austin determinar quais armas a Ucrânia mais precisava.

    Biden deu a notícia do pacote de assistência durante um telefonema de 58 minutos com Zelensky nesta quarta-feira (13). Houve um item que Zelensky pediu diretamente a Biden: helicópteros Mi-17.

    De acordo com uma fonte so governo americano, os helicópteros inicialmente não haviam sido incluídos porque as autoridades americanas não tinham certeza se os ucranianos queriam ou precisavam deles neste momento. Zelensky deixou claro ao presidente que sim.

    “Um pouco como o Kansas”

    As armas fornecidas estão focadas no tipo de combate que provavelmente ocorrerá na região de Donbas – terreno aberto, em vez de combates próximos em áreas urbanas e arborizadas que ocorreram em áreas ao redor de Kiev e outras cidades ucranianas.

    A região também faz fronteira com o sudoeste da Rússia, permitindo que as forças russas evitem os tipos de problemas de abastecimento, logística e comunicação que atrapalharam sua invasão total do país desde o início.

    John Kirby, porta-voz do Pentágono
    John Kirby, porta-voz do Pentágono / Anadolu Agency via Getty Images

    O secretário de imprensa do Pentágono, John Kirby, disse que o pacote foi feito sob medida para a luta em Donbas, uma topografia que ele descreveu como “um pouco como o Kansas”.

    “É um pouco mais plano. É um pouco mais aberto. E é o tipo de lugar onde podemos antecipar que os russos vão querer usar tanques e artilharia de longo alcance, e foguetes para atingir seus objetivos antes de enviar tropas terrestres”, disse Kirby.

    O novo pacote de armas, acrescentou Kirby, foi “um grande esforço para dar aos ucranianos todas as vantagens possíveis nesta luta que está por vir”.

    O governo Biden enfrentou pressão bipartidária para fazer mais para ajudar a Ucrânia, particularmente em pedidos para enviar armas mais poderosas. Mas o governo resistiu por semanas, desconfiado de como o presidente russo Vladimir Putin, com suas forças já mobilizadas, responderia.

    Autoridades alertaram que o Kremlin pode ver isso como uma escalada do conflito ou uma indicação de que os Estados Unidos estão se juntando à luta.

    A questão foi sentida de forma mais aguda com os caças MiG-29 solicitados pela Ucrânia. O governo americnao se recusou a participar do envio dos jatos de um terceiro país para a Ucrânia via Estados Unidos, rejeitando uma proposta da Polônia.

    Os EUA temiam, disse Kirby em 9 de março, que “a transferência de aeronaves de combate agora pudesse ser confundida por Putin e pelos russos como um passo de escalada”.

    Agora, a retórica do governo Biden parece ter mudado junto com o escopo da guerra. Enquanto os EUA se preparam para enviar os tipos de armas que não enviaram desde o início da invasão, o Pentágono insistiu que isso fazia parte do compromisso dos EUA “desde o início” de ajudar a Ucrânia a se defender.

    “Como isso é interpretado pelos russos – você pode perguntar ao Sr. Putin e ao Kremlin”, disse Kirby nesta quarta.

    ‘Muito rapidamente em um lugar diferente’

    Durante semanas, Zelensky implorou aos líderes mundiais por mais armas e equipamentos. Em março, ele conversou com os parlamentos de 17 países, além de três organizações internacionais, sem se afastou de sua mensagem central: a Ucrânia precisa de mais armas.

    Volodymyr Zelensky fala ao Congresso dos Estados Unidos no dia 16 de março / J. Scott Applewhite-Pool/Getty Images

    Zelensly pediu ao Congresso americano novos sistemas de defesa aérea para ajudar a defender os céus da Ucrânia. Ele solicitou 1% dos tanques e aviões da Otan para lutar contra as forças russas, e buscou mais armas da Bélgica, alertando que se a Ucrânia perder, a União Européia também perde.

    Mas seus pedidos de poder de fogo mais pesado ficaram em grande parte sem resposta. Em sua maioria, os países enviaram mais munição para armas pequenas e mísseis antiaéreos, além de equipamentos médicos. Agora, com as forças russas se preparando para um ataque pesado na região de Donbas, a maré está mudando.

    “O que as pessoas estão preparadas para fornecer cresceu consideravelmente nas últimas semanas”, disse o funcionário dos EUA. Uma vez que as forças ucranianas conseguiram deter a invasão russa nos primeiros dias, as opções de assistência de segurança foram colocadas “muito rapidamente em um lugar diferente”.

    A Eslováquia forneceu à Ucrânia mísseis antiaéreos S-300. A República Checa enviou tanques T-72. O Reino Unido anunciou que enviaria 120 veículos blindados. E agora os Estados Unidos autorizaram uma série de armas novas e mais poderosas.

    Pentágono diz que está trabalhando o mais rápido possível

    Kirby disse que vários sistemas de guerra enviados pelos EUA exigiriam treinamento adicional para os ucranianos, incluindo radares de contra-artilharia.

    Muitas das armas que estão sendo direcionadas para a Ucrânia são mais pesadas, tornando-as mais difíceis de transportar pelo país. A Ucrânia coletou as armas fornecidas até o momento em sua fronteira ocidental antes de transferi-las para forças em todo o país.

    Kirby disse que o Pentágono sabe que “o tempo não é nosso amigo” enquanto a Rússia prepara sua próxima ofensiva, mas que está trabalhando para colocar equipamentos nas mãos da Ucrânia o mais rápido possível:

    O Pentágono recebeu na quarta os CEOs dos oito maiores empreiteiros militares para descobrir como armar a Ucrânia mais rapidamente, de acordo com um comunicado. A reunião, liderada pela vice-secretária de Defesa Kathleen Hicks, concentrou-se no objetivo de continuar fornecendo armas à Ucrânia, mantendo a prontidão das forças americanas e apoiando a defesa dos aliados.

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