Governo Biden muda política e começará a deportar imigrantes venezuelanos
Venezuelanos são uma grande parte dos imigrantes que atravessam a fronteira
A gestão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, retomará as deportações de venezuelanos diretamente para seu país.
A medida é uma tentativa de impedir o fluxo recorde de travessias na fronteira entre os Estados Unidos e o México, de acordo com altos funcionários da administração.
Os venezuelanos que cruzarem ilegalmente a fronteira sul e não tiverem base legal para permanecer nos Estados Unidos serão elegíveis para deportação, segundo altos funcionários do governo. As fontes também acrescentaram que a Venezuela concordou em aceitar de volta os seus cidadãos.
“O anúncio de hoje é uma parte fundamental dos nossos esforços contínuos para agravar as consequências que existem na fronteira para os imigrantes que atravessam ilegalmente”, disse um dos responsáveis.
Identificação
Alguns imigrantes já foram identificados para deportação. “A partir de hoje, os Estados Unidos iniciarão repatriações diretas de cidadãos venezuelanos para o seu país de origem e, de fato, já identificamos pessoas sob nossa custódia que serão rapidamente expulsas nos próximos dias”.
Os venezuelanos são uma grande parte dos imigrantes que atravessam a fronteira, e os Estados Unidos geralmente não conseguem deportá-los de volta ao seu país devido às relações diplomáticas geladas com Caracas. O México concordou em receber alguns dos imigrantes, mas continua a ser um desafio complicado – e único – para a administração Biden e para as cidades que os recebem.
Ajuda humanitária
O governo Biden estenderá o TPS, sigla para status de proteção temporária, para venezuelanos nos EUA. Essa é uma forma de ajuda humanitária aos venezuelanos por 18 meses.
O benefício se aplica a pessoas que residiam nos EUA em 31 de julho ou antes. O departamento previu que cerca de 472 mil venezuelanos seriam novamente elegíveis para esta ajuda, de acordo com um funcionário da Segurança Interna.
Os imigrantes detidos na fronteira podem estar sujeitos a procedimentos acelerados de deportação, a voltar voluntariamente ao México, a serem detidos ou à libertação enquanto progridem nos seus procedimentos de imigração.
Turbulência
As más condições econômicas, a escassez de alimentos e o acesso limitado aos cuidados de saúde estão a levar cada vez mais os venezuelanos a fugir do seu país.
A turbulência econômica e política na Venezuela fez com que mais de 7,7 milhões de pessoas deixassem a Venezuela, representando o maior deslocamento no Hemisfério Ocidental, e muitos estão a optar por rumar para o norte. A título de comparação, a escala desse deslocamento excede a Ucrânia, onde há uma guerra ativa.
A Venezuela foi um dos temas de discussão entre Biden e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no mês passado.
Os dois “destacaram a importância de restaurar a democracia na Venezuela, e o presidente Biden reiterou o apoio dos Estados Unidos ao povo da Venezuela e delineou a nossa visão para uma abordagem passo a passo na qual são tomadas ações concretas para restaurar a democracia, levando a eleições livres e justas, e complementadas pelo correspondente alívio das sanções por parte dos Estados Unidos”, de acordo com uma leitura da Casa Branca.