“Goblin mode”, “gaslighting”: dicionários escolhem as palavras do ano
Gíria escolhida por Oxford para 2022 se refere a um comportamento assumidamente preguiçoso e desleixado
Como foi seu 2022? Você o gastou entrando completamente no “goblin mode”, tentando se distrair do sentimento geral de “permacrise”? Talvez você tenha que evitar algum tipo de “gaslighting” ou aprender mais sobre as origens teatrais (literalmente) do termo.
Todos os anos, os principais árbitros da língua inglesa trazem à tona as palavras mais notáveis em termos de zeitgeist, que descrevam o momento atual. Às vezes, elas são divertidas ou educativas. Às vezes, eles revelam um mundo que se tornou, bem, um pouco selvagem. Aqui está uma rápida olhada nas ofertas deste ano.
Oxford: “goblin mode”
Ao ler isto, olhe ao redor. Você ainda está na cama? Há pilhas de roupas e caixas de comida de delivery espalhadas pelo chão? Você tem migalhas de salgadinhos em seus lençóis? Você quebrou sua rotina de autocuidado mais vezes do que pode contar? Você nem se importa? Se sim, você já pode estar no “goblin mode”.
Essa gíria diz respeito a “um tipo de comportamento que é assumidamente autoindulgente, preguiçoso, desleixado ou ganancioso, geralmente de uma forma que rejeita as normas ou expectativas sociais” – características que podem ter se tornado familiares para muitos durante a pandemia.
Esse termo era popular nas redes sociais e, apesar de suas implicações negativas, não é necessariamente uma coisa ruim. Às vezes, nosso goblin interior precisa ser alimentado.
A palavra do ano de Oxford foi escolhida pela primeira vez pelo público. Um grupo de lexicógrafos da universidade deu ao público as opções: “goblin mode”, “metaverso” e “#IStandWith”. O “goblin mode” triunfou, acumulando 318.956 votos – 93% do total. “Metaverso” ficou em segundo lugar e “#IStandWith” ficou em terceiro.
Casper Grathwohl, presidente da Oxford Languages, disse em um comunicado à imprensa nesta segunda-feira (5) que o “nível de engajamento com a campanha nos pegou totalmente de surpresa”.
“Dado o ano que acabamos de vivenciar, o ‘goblin mode’ ressoa em todos nós que estamos nos sentindo um pouco sobrecarregados neste momento. É um alívio reconhecer que nem sempre somos os eus idealizados que somos encorajados a apresentar em nossos feeds do Instagram e do TikTok”, disse ele.
Dicionário Collins: permacrise
Esse termo se refere a “um período prolongado de instabilidade e insegurança”.
Collins, um dicionário britânico, também observou outras nove palavras do ano, a maioria das quais estão envoltas em um ar de “permacrise”, especialmente “partygate”, Kiev e “lawfare”. Ah, também tem “splooting”: “o ato de deitar de bruços com as pernas esticadas”.
Merriam-Webster: gaslighting
Merriam-Webster observou que as buscas por esse termo aumentaram 1.740% este ano. Nunca fugindo do lado político das coisas, MW conectou especificamente esse termo à onipresença de fake news e teorias da conspiração.
Outras palavras importantes do MW este ano foram oligarca, omicron e rainha consorte. Verdadeiramente um mini tour de notícias internacionais.
Ah, mas isso não é tudo! As escolhas de outros gigantes internacionais da língua inglesa realmente adicionam um pouco de cor à tapeçaria confusa que foi 2022:
Cambridge: homer
O termo é uma “abreviação de home run: um ponto marcado no beisebol quando você acerta a bola, geralmente fora do campo de jogo, e consegue correr por todas as bases ao mesmo tempo até a base inicial”.
Em 2022, a palavra “homer” foi consultada mais de 79 mil vezes no site do Cambridge Dictionary, com 65.401 buscas feitas em apenas um dia – 5 de maio.
O motivo? Neste dia, essa foi a resposta do Wordle, o que provocou frustração em usuários que não são dos EUA e não estão familiarizados com o termo enquanto tentavam ganhar uma partida e adivinhar a palavra dentro do limite de seis palpites no jogo.
Quando palavras normais simplesmente não funcionam
Então, para recapitular: houve muitas crises este ano, políticas e outras, e elas nos esgotaram de maneiras que mal poderíamos descrever. Na verdade, às vezes a vida fica tão estranha que precisamos literalmente inventar novas palavras para descrevê-la.
Essas palavras são chamadas de “neologismos”, ou palavras que são relativamente novas no cenário da língua. Esses são os termos mais aprazíveis, que alguns lexófilos da velha escola costumam desprezar, levantando as mãos para o céu em lamento pelo que o idioma se tornou.
Depois, há aqueles como o ícone literário Stephen King, que vê essas palavras jovens e sabe exatamente o que fazer com elas.
Inúmeras palavras que usamos todos os dias, como “laser”, “solitário” e “crítico”, já foram estranhos neologismos à margem de nosso uso. (Laser, é claro, é na verdade um acrônimo, e temos que agradecer a Shakespeare por “solitário” e, ironicamente, “crítico”.)
Os neologismos podem ser formados a partir de uma palavra emprestada de outro idioma, como “clichê”; encurtamento de palavras, como “você”, ou juntar duas palavras.
Também é comum que os neologismos venham do entretenimento ou da mídia, como o “gaslighting”. Muitos também são aglutinações, como “permacrise”.
Para realmente completar o raciocínio, muitas das principais palavras deste ano já foram “sniglets” (que é, por si só, um neologismo). Um sniglet é um termo humorístico cunhado pelo comediante Rich Hall na década de 1980 que descreve “qualquer palavra que não apareça no dicionário, mas deveria”.
Parabéns, “splooting” e “goblin mode”. Os sniglets se tornaram neologismos promissores e agora, para o bem ou para o mal, são algumas das palavras mais significativas de 2022. O que isso diz sobre nós? Bem, talvez precisemos de uma nova palavra para isso também.