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    Gaza viveu 16 anos de “antidesenvolvimento”, diz relatório da ONU sobre economia palestina

    Documento responsabiliza ocupação israelense por dificuldades econômicas na região

    Priscila Yazbek

    Um relatório divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), nesta quarta-feira (25), conclui que 2022 foi mais um ano ruim para os palestinos, citando, entre os motivos, a ocupação de Israel.

    “Num contexto de tensões políticas crescentes, de aprofundamento da dependência da potência ocupante e de um processo de paz estagnado, a economia palestina continuou a funcionar abaixo do potencial em 2022, à medida que outros desafios persistentes se intensificavam”, afirma o relatório.

    O texto, que traz um panorama sobre a economia palestina, também afirma que a Faixa de Gaza viveu 16 anos de “antidesenvolvimento”.

    “Gaza viveu 16 anos de ‘antidesenvolvimento’ e supressão do potencial humano e do direito ao desenvolvimento. Os esforços internacionais para a recuperação continuam inadequados e abaixo do nível das necessidades prementes”, diz o relatório.

    O órgão da ONU também afirma que as consequências econômicas da guerra entre Israel e o Hamas são “impossíveis de se definir” neste momento.

    [cnn_galeria active=”3533153″ id_galeria=”3485857″ title_galeria=”Veja imagens do conflito entre Israel e Hamas”/]

    PIB e desemprego

    A Unctad destaca que embora o PIB palestino tenha crescido 3,9% em 2022, o PIB real per capita ainda estava 8,6% abaixo do nível pré-pandemia, de 2019. Em Gaza, o PIB real ficou 11,7% abaixo do nível de 2019 e perto do seu nível mais baixo desde 1994.

    O texto também informa que a taxa de desemprego permaneceu elevada, atingindo 24% no Território Palestino Ocupado (Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental); 13% na Cisjordânia e 45% em Gaza, sendo as mulheres e os jovens os mais atingidos pela falta de trabalho.

    O documento afirma que a falta de empregos força muitos palestinos a procurar trabalho em Israel e nos assentamentos israelenses.

    Em 2022, 22,5% dos palestinos empregados da Cisjordânia trabalhavam em Israel e em assentamentos israelenses, onde o salário médio é mais elevado. Mas taxas e impostos desconfiados representam 44% do salário bruto, o que elimina o prêmio das vagas de trabalho em Israel.

    A dependência excessiva do emprego precário em Israel e dos assentamentos israelenses expõe a economia palestina a choques num ambiente volátil caracterizado por crises frequentes, diz a Unctad.

    O relatório revela ainda que a pobreza aumentou em 2022, fazendo com que 40% da população palestina necessitasse de algum tipo de assistência humanitária.

    “Três décadas depois dos Acordos de Oslo, a esperada convergência entre a economia palestina e a de Israel continua obstruída pelas políticas de ocupação. Em vez disso, as duas economias divergiram, com o PIB per capita palestino se situando atualmente em apenas 8% do de Israel”, diz o relatório.

    Restrições impostas por Israel

    A ONU também fala em “uma década e meia de desenvolvimento suprimido” diante da dependência forçada da economia palestina em relação a Israel.

    “Os custos excessivos de produção e de transação e as barreiras ao comércio com o resto do mundo resultaram num déficit comercial crônico e numa dependência generalizada e desequilibrada de Israel, que representou 72% do comércio palestino total em 2022”, avalia o relatório.

    A Unctad afirma que, desde junho de 2007, Gaza foi alvo de várias operações militares e está sob um cerco terrestre, marítimo e aéreo. E acrescenta que os habitantes de Gaza precisam de licenças para entrar e sair da Faixa por dois pontos de passagem controlados por Israel.

    “Restrições ao movimento de pessoas e mercadorias, destruição de ativos produtivos em operações militares frequentes e a proibição da importação de tecnologias e insumos-chave esvaziaram a economia de Gaza”, destaca o documento.

    As restrições à circulação também impedem o acesso à saúde e serviços essenciais, prossegue o relatório, já que 80% dos habitantes de Gaza dependem da ajuda internacional.

    “Viver em Gaza em 2022 significou confinamento em um dos espaços mais densamente povoados do mundo, sem eletricidade metade do tempo e sem acesso adequado a água limpa ou a um sistema de esgoto adequado.”

    O relatório conclui que, devido às restrições impostas, há uma probabilidade de 65% de ser pobre em Gaza; uma chance de 41% de deixar a força de trabalho em situação de desespero; e, para aqueles que procuram trabalho, uma probabilidade de 45% de estarem desempregados.

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