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    França volta às urnas hoje para 2º turno entre Macron e Le Pen

    Pesquisas de opinião mostram liderança de Macron, mas uma vitória de Le Pen não pode ser totalmente descartada

    Ingrid MelanderElizabeth PineauLayli Foroudida Reuters

    Os franceses votam neste domingo (24) em uma eleição que decidirá se o presidente centrista Emmanuel Macron, pró-União Europeia, mantém seu cargo ou é destituído pela “eurocética” de extrema-direita Marine Le Pen, o que equivaleria a um terremoto político.

    Pesquisas de opinião nos últimos dias indicam uma liderança sólida e ligeiramente crescente de Macron, já que analistas entendem que Le Pen, apesar de seus esforços para suavizar sua imagem e atenuar algumas das políticas de seu partido, o Rally Nacional, permaneceu sem a preferência de muitos.

    Mas uma vitória surpresa da candidata não pode ser totalmente descartada, dado o alto número de eleitores que estavam indecisos ou não tinham certeza se votariam no segundo turno da eleição presidencial.

    Com as pesquisas mostrando que nenhum dos candidatos pode contar com um número suficiente de apoiadores comprometidos, muito dependerá daqueles avaliando as implicações de uma presidência de extrema-direita contra a raiva pelo histórico de Macron desde sua eleição de 2017.

    Se Le Pen vencer, provavelmente trará a mesma sensação de agitação política do voto britânico para deixar a União Europeia ou da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos em 2016.

    As urnas abrem às 8h, no horário local (5h pelo horário de Brasília), e fecham às 20h (17h pelo horário de Brasília). As projeções iniciais são esperadas assim que a votação acabar.

    “Cada um deles tem uma enorme fraqueza”, analisa Bernard Sananes, do instituto de pesquisas Elabe. “Emmanuel Macron é considerado arrogante por mais de um em cada dois eleitores e Marine Le Pen continua assustadora para metade deles”, explica.

    Macron, de 44 anos e vencedor do mesmo confronto há cinco anos, alertou para uma “guerra civil” se Le Pen – cujas políticas incluem a proibição de usar lenços muçulmanos em público – for eleita, pedindo a democratas de todas as camadas que o apoiem contra a extrema-direita.

    Já Le Pen, de 53 anos, concentrou sua campanha no aumento do custo de vida na sétima maior economia do mundo, que muitos franceses relatam ter piorado com o aumento dos preços globais de energia. Ela também focou no estilo de liderança abrasivo de Macron, que, segundo ela, mostra um desprezo elitista pelas pessoas comuns.

    “A questão no domingo é simples: Macron ou França”, disse ela em um comício na cidade de Arras, no norte da França, na quinta-feira (21). A mensagem de Le Pen repercutiu entre muitos eleitores.

    “Ela está perto das pessoas. Ela pode realmente dar poder de compra às pessoas, fazer as pessoas sorrirem”, disse a agente penitenciária Erika Herbin, de 43 anos, após uma manifestação.

    Porém, outras pessoas, como Ghislaine Madalie, cabeleireira na cidade de Auxerre, no centro da França, discordam fortemente.

    Madalie afirmou que votaria em Macron, depois de ter apoiado a extrema-esquerda com Jean-Luc Melenchon no primeiro turno, em 10 de abril, por medo de como seria a presidência de Le Pen. Mas ela acrescentou que muitos de seus clientes votariam na candidata de extrema-direita porque não gostam do atual presidente.

    “Acho isso desastroso, porque ela é racista”, disse Madalie, de 36 anos, cuja família tem raízes no Marrocos, sobre Le Pen. “Estou ansiosa, por mim e pelos meus filhos”, complementou.

    Le Pen, que também foi criticada por Macron por sua admiração anterior pelo presidente russo, Vladimir Putin, rejeita as acusações de racismo. Ela disse que seus planos de dar prioridade aos cidadãos franceses para habitação social e empregos e eliminar uma série de benefícios sociais para estrangeiros beneficiariam todos os franceses, independentemente de sua religião ou origem.

    Jean-Daniel Levy, da Harris Interactive, pontua que pesquisas de opinião mostram que é improvável que Le Pen ganhe, porque isso exigiria grandes mudanças nas intenções dos eleitores.

    Se o atual presidente vencer as eleições, ele enfrentará um segundo mandato difícil, sem o “período de carência” que desfrutou após sua primeira vitória, provavelmente com protestos contra seu plano de continuar as reformas pró-negócios, o que incluiria o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.

    Se a candidata de extrema-direita ganhar, ela tentaria fazer mudanças radicais nas políticas domésticas e internacionais do país, e os protestos de rua poderiam começar imediatamente. As ondas de choque seriam sentidas em toda a Europa e além.

    Quem for eleito terá um primeiro grande desafio, que é vencer as eleições parlamentares em junho para garantir maioria viável para implementar seus programas.