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    Fortes chuvas causaram erupção do vulcão na Indonésia, dizem especialistas

    A erupção do Monte Semeru, em 4 de dezembro, deixou dezenas de mortos — pessoas ainda estão desaparecidas

    Angela Dewanda CNN*Masrur Jamaluddindada CNN

    Os indonésios estão acostumados a lidar com desastres naturais. O país fica no Círculo de Fogo, uma faixa ao redor do Oceano Pacífico que causa terremotos frequentes e atividades vulcânicas.

    Mas a erupção do Monte Semeru na ilha de Java no sábado (04) foi diferente.

    Dias de chuva forte desgastaram gradualmente a cúpula de lava de Semeru, um monte de lava endurecida que age como uma tampa do vulcão, que desmoronou parcialmente.

    Foi essa “avalanche de cúpula” que os estudiosos de vulcões indonésios acreditam ter causado a erupção, de acordo com Eko Budi Lelono, do Ministério de Energia e Recursos Minerais da Indonésia.

     

    “Com base em fotos e dados, podemos comparar o tamanho da cúpula antes e depois da erupção de 4 de dezembro. Podemos ver que uma grande parte do volume da tampa foi perdida após uma forte chuva naquele dia”, disse ele.

    Um tampão de lava pode ser instável e desmoronar por vários motivos, mas há uma crescente compreensão de que a chuva forte pode ser um deles.

    O papel da precipitação, neste caso, levantou questões sobre se as mudanças climáticas poderiam causar erupções desse tipo mais frequentes.

    Isso é uma preocupação, porque as eclosões causadas pelo colapso da tampa de lava tendem a ser mais fortes e mais destrutivas do que outros tipos, disseram cientistas à CNN.

    A explosão de sábado criou o que é conhecido como fluxo piroclástico — nuvens de lava, gás e cinzas que se movem rapidamente.

    A temperatura dessas nuvens está normalmente entre 800°C e mil graus Celsius, disse Lelono.

    Além disso, o fluxo pode se mover rápido — às vezes cerca de 10 quilômetros por hora, mas até 100 km/h – e pode ser impossível correr.

    Mais de 30 pessoas morreram na erupção do fim de semana e as autoridades estão procurando dezenas de outras pessoas desaparecidas.

    Milhares de edifícios foram danificados, muitos deles enterrados sob pesadas pilhas de cinzas que cobriram casas e aldeias inteiras. A força dessa erupção foi maior do que o normal.

    Semeru lançou cinzas a cerca de 15 quilômetros de altura, quando atinge normalmente apenas alguns metros, e as nuvens piroclásticas alcançaram mais de 12 quilômetros em terra, muito mais longe do que os cinco quilômetros habituais, disse Eko.

    Milhões de indonésios vivem perto do sopé dos vulcões, onde o solo é particularmente fértil e bom para o cultivo. Mais de oito mil vivem a menos de 10 quilômetros de Semeru.

    Equipes de resgate carregam vítima de erupção do Semeru, na Indonésia / 06/12/2021 Antara Foto/Zabur Karuru/via REUTERS

    Os moradores às vezes recebem avisos de que Semeru — um dos vulcões mais ativos da Indonésia — entrará em erupção conforme sua atividade aumentar, mas eventos desencadeados por chuvas como este são mais difíceis de prever, disse Heather Handley, vulcanologista da Universidade Monash, na Austrália, à CNN.

    É esperado que o avanço do aquecimento global torne mais comum eventos de chuva extrema em várias partes do mundo, levantando preocupações de que essas erupções maiores possam vir com pouco ou nenhum aviso.

    Os cientistas não sabem se isso necessariamente vai acontecer, mas muitos deles têm feito essa pergunta desde 2018, quando o vulcão Kilauea do Havaí entrou em erupção após dias de chuvas fortes.

    “As pessoas têm pensado sobre as relações entre o clima e os desencadeadores de erupções vulcânicas”, disse Handley.

    “Ainda há muito sobre o que não sabemos para explorar, então é bom pensarmos sobre outros mecanismos externos de impulsão da erupção vulcânica que, caso contrário, poderíamos ter perdido.”

    Handley explicou que há várias maneiras pelas quais o aumento da chuva e o aquecimento global podem impactar as erupções vulcânicas.

    Semeru: residentes na área de atividade do vulcão fugindo de enormes nuvens de fumaça
    Semeru: residentes na área de atividade do vulcão fugindo de enormes nuvens de fumaça / Reuters

    Ela apontou um estudo publicado na Nature sobre a erupção do Kilauea, que sugere que dias de chuva forte levaram a um aumento da água subterrânea — que aumentou a pressão, fazendo com que as rochas rachassem e deslizassem.

    Quando isso acontece, o magma consegue chegar mais facilmente à superfície da Terra.

    “Se chuvas fortes estão tornando mais fácil para a lava chegar à superfície, poderemos ver um aumento na frequência das erupções que já temos”, disse ela.

    “Também se pensou muito sobre os efeitos do derretimento do gelo e da neve, que geralmente ocorre no topo de um vulcão. Quando ele derrete, tira a pressão do topo — o que pode causar ainda mais derretimento e consequentemente, erupções mais frequentes”, disse ela.

    “Mas, no geral, ainda não sabemos muito sobre os impactos das mudanças climáticas nas erupções vulcânicas.”

    (Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)